| A Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Força Sindical, a União Geral  dos Trabalhadores (UGT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do  Brasil (CTB) e a Nova Central (NCST) apresentaram uma proposta ao  Ministério da Fazenda na última terça-feira (25) para “garantir emprego  em tempos de crise”. A proposta inclui a possibilidade da redução da  jornada de trabalho e do salário dos trabalhadores caso o país enfrente  uma crise. 
 Amauri Medeiros, 1º tesoureiro e encarregado de relações sindicais do  ANDES-SN, critica a proposta. “É uma tentativa, por parte dessas  centrais, de proteger o capital em momentos de crise, ironicamente à  custa dos próprios trabalhadores”, afirma. O tesoureiro do ANDES-SN  lembrou também a semelhança entre a proposta de algumas centrais  sindicais e as chamadas medidas de austeridade da Europa, que retiram  direitos sociais e trabalhistas com a justificativa de combater a crise.
 
 “As propostas europeias de austeridade também tiveram a participação de  algumas centrais sindicais. Mas a nossa resposta à crise deve ser outra.  Devemos organizar uma luta unificada dos trabalhadores para, com muita  resistência, conseguirmos defender nossos direitos”, diz Amauri  Medeiros.
 
 O primeiro-secretário-geral da Força Sindical, Sérgio Luiz Leite afirmou  que, com a proposta dessas centrais, em tempos de crise o trabalhador  tenha a jornada diminuída, bem como o salário. “Mas com a manutenção do  seu emprego”, frisou à Agência Brasil. Segundo ele, a proposta é a  manutenção do emprego “com período determinado e com redução de salário  de até 30%, com data de aplicação da medida determinada e, talvez, com a  utilização do seguro-desemprego”, disse o representante da Força.
 
 Para ele, no lugar da demissão com o pagamento do seguro-desemprego, os  mesmos valores seriam utilizados para complementar parte do salário do  trabalhador que permanecesse na ativa durante o período de crise. O  Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também poderia ser  utilizado, ou seja, os trabalhadores pagariam duplamente pela crise.
 
 A condição para que a medida fosse adotada seria os trabalhadores  fazerem uma acordo com os patrões. De acordo com Vagner Freitas,  presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a proposta é  baseada em práticas adotadas na Europa. A medida não significa a  alteração na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). “Não modifica  nenhuma das leis existentes. Se for implementado, é mais [um]  instrumento com as seguintes características: tem que ser opcional em  concordância entre trabalhador e empregado, tem que ter um atestado de  crise por parte do governo e ser aprovado em assembleia de  trabalhadores”.
 
 “Já aconteceu algo parecido anteriormente, com o Acordo Coletivo  Especial (ACE), no qual o acordo negociado com os patrões valeria mais  do que o acordo legislado”, diz Amauri Medeiros. O ACE foi derrotado a  partir de uma forte campanha nacional, convocada pela CSP-Conlutas em  unidade com outras centrais e inúmeras entidades sindicais e do  movimento popular.
 
 O tesoureiro do ANDES-SN também rebate a proposta de uso do  seguro-desemprego para cobrir as eventuais perdas salariais geradas pela  proposta. “É uma proposta que cria falsas ilusões para os  trabalhadores, que acham que conseguirão cobrir os prejuízos. Enquanto  isso, o governo seguirá com a política de isenção de impostos para os  patrões”, ressalta Amauri.
 
 *Com informações de Agência Brasil. Imagem de Sindmetal São José dos Campos.
 
 Fonte: ANDES-SN
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