| 
     Forjada na resistência histórica em defesa dos direitos da categoria docente e da Educação Pública, a ADUA lança o calendário 2023 inspirado no legado do poeta Thiago de Mello. Na indicação de cada mês, estão também presentes versos do cordel “A luta e a resistência como alimento da esperança”, de autoria do professor José Belizario Neto (IFCHS).   Em Manaus, os sindicalizados e as sindicalizadas receberão os exemplares nas suas unidades ou poderão buscá-los na sede da Seção Sindical. O material também será encaminhado para os campi fora da capital. Vamos todos e todas à luta, pois “o amanhã vai chegar”. Faz escuro mas eu luto!     Leia o poema que inspirou o tema do calendário da Seção Sindical de 2023:   Madrugada camponesa   Madrugada camponesa, faz escuro ainda no chão, mas é preciso plantar. A noite já foi mais noite, a manhã já vai chegar.   Não vale mais a canção feita de medo e arremedo para enganar solidão. Agora vale a verdade cantada simples e sempre, agora vale a alegria que se constrói dia a dia feita de canto e de pão.   Breve há de ser (sinto no ar) tempo de trigo maduro. Vai ser tempo de ceifar. Já se levantam prodígios, chuva azul no milharal, estala em flor o feijão, um leite novo minando no meu longe seringal.   Madrugada da esperança, já é quase tempo de amor. Colho um sol que arde no chão, lavro a luz dentro da cana, minha alma no seu pendão.   Madrugada camponesa. Faz escuro (já nem tanto), vale a pena trabalhar. Faz escuro mas eu canto porque a manhã vai chegar.     Thiago de Mello (1926-2022)   Amadeu Thiago de Mello foi poeta, jornalista e tradutor. Nasceu no dia 30 de março de 1926 em Porantim do Bom Socorro, em Barreirinha (AM). Ingressou na Diplomacia na década de 1950, tornando-se adido cultural na Bolívia e no Chile. Teve a carreira interrompida pela Ditadura Civil-Militar (1964-1985). Nesse período foi preso e, posteriormente, viveu exilado em países como Chile, Argentina, Portugal, França e Alemanha. Com o fim do Regime Militar, voltou à sua cidade natal e depois mudou-se para Manaus, onde viveu até sua morte. Faleceu aos 95 anos no dia 14 de janeiro de 2022, em Manaus.   A obra “Poesia Comprometida com a Minha e a Tua Vida” (1975) rendeu a Thiago de Mello um prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte e tornou-o conhecido internacionalmente como um intelectual engajado na luta pelos Direitos Humanos. Um dos seus mais conhecidos poemas é “Os estatutos do homem” (1977). Entre suas publicações estão também “Faz escuro mas eu canto” (1965), “Mormaço na floresta” (1984), “Num campo de margaridas” (1986), “Manaus Amor e Memória” (1984), “Amazonas, pátria da Água” (1991) e “Amazônia – a menina dos olhos do mundo” (1992). A obra do poeta amazonense já foi traduzida para cerca de 30 idiomas.   
   
   
   Fonte: ADUA   |