“Não é um conflito, não é uma guerra, é uma limpeza étnica feita pelo Estado de Israel contra a Palestina”, disse a vice-diretora da Juventude Árabe-Palestina do Amazonas, Sâmia Wallid, durante manifestação em defesa da Palestina Livre, no Largo de São Sebastião, no Centro de Manaus (AM), na quinta-feira (19). Docentes sindicalizados e sindicalizadas à ADUA participaram da mobilização em solidariedade ao povo palestino, em conjunto com dezenas de pessoas da comunidade árabe-palestina, estudantes e integrantes de movimentos sociais e populares locais.
O número de vidas perdidas na tragédia humanitária que ocorre no Oriente Médio cresce a cada dia. Em Israel foi contabilizado a perda de mais de 2 mil pessoas; e na Faixa Gaza mais de 3,7 mil mortes, número que cresce após sucessivos ataques.
Uma série de atos em todo o país e no mundo pede ações humanitárias urgentes. Em Manaus, a manifestação foi marcada por emoção.
Diante de um telão onde eram exibidas imagens da tragédia que ocorre em Gaza, meninos e meninas levantavam cartazes de protesto e gritavam: “Palestina Livre!”. Uma das crianças subiu ao carro de som e ao microfone disse que naquele momento não importava qual era seu nome, mas sim o pedido para que todas as crianças palestinas também tivessem direito de crescer em paz.
Em sinal de solidariedade, luto e apelo por paz, com velas acesas e rosas brancas, os e as presentes ficaram um minuto em silêncio pelas vítimas na Faixa de Gaza. A calmaria foi interrompida por orações em árabe e pela audição do hino da Palestina, acompanhado pelo balançar de bandeiras.
Há décadas, o ANDES-SN se posiciona em defesa dos direitos, da liberdade e autodeterminação do povo Palestino. Nos Congressos há aprovações de indicação de que as seções sindicais prestem solidariedade ao povo palestino e promovam debates sobre a Palestina e o massacre do seu povo.
O presidente da ADUA, professor Jacob Paiva, leu a nota pública do ANDES-SN, publicada no dia 11 de outubro, lamentando a morte de inocentes, independente de nacionalidade ou origem étnica nos dois lados do conflito e destacou que “a Faixa de Gaza é uma região que pode ser considerada a maior prisão em céu aberto do mundo”, chamando atenção para o fato de que a luta palestina “deve ser combinada com a luta pela emancipação social e territorial contra todas as formas de violência colonial, racista e religiosa, as quais apenas contribuem para perpetuar um sistema capitalista em crise e que está na raiz de todo o conflito”. Leia aqui a nota na íntegra.
Durante seu discurso, a jovem Sâmia Wallid ressaltou que hoje o povo palestino luta por direitos básicos, como água, teto e comida, e que é importante romper com a narrativa que estigmatiza injustamente os palestinos como “terroristas”. “A mídia não faz nada. E quando falam é afirmar que merecemos passar por essa situação. ‘São terroristas’, eles afirmam. Como se o povo palestino precisasse pagar com as suas almas por atos que eles não cometeram”.
Na concepção da jovem, que tem familiares morando na Palestina, a percepção do movimento sionista era de que as gerações futuras iam esquecer da Palestina. “Eu vim falar em nome da terceira geração de um povo que não esqueceu. Neste momento, somos resistência, a gente resiste a todo momento. Já são mais de 75 anos de ataques cometidos contra o nosso povo todos os dias. Mais de 700 crianças foram mortas e hoje não passam de números. E quem está vivo passa fome, passa sede, passa frio. Não tem mais gente para contar história”, lamenta Sâmia.
A presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Amazonas (DCE/Ufam), Rita Vieira, de família palestina, expressou sua indignação em relação ao apartheid israelense e enfatizou a importância de adotar uma posição pró-Palestina e antissionista. A estudante enfatizou que é necessário se opor a qualquer forma de opressão e se recusar a aceitar que qualquer pessoa seja considerada menos humana do que outras.
“Eu vou me indignar sempre por cada sangue palestino derramado. Ser pró-Palestina é ser antissionista, é ser a favor da autodeterminação dos povos e isso não pode ser seletivo. Assim como somos a favor da autodeterminação dos povos indígenas, somos a favor da autodeterminação dos palestinos. O DCE/Ufam está em absoluta solidariedade com o povo da Palestina e inabalável na posição contra qualquer forma de opressão, que é o que acontece na Palestina”.
Durante a manifestação, a vice-presidente da Sociedade Árabe-Palestina do Amazonas, Muna Hajoj, frisou: “que bom que estamos no Brasil, neste país democrático, onde podemos nos manifestar”.
Os e as manifestantes lembraram que, desde a criação de Israel, em 1948, a Palestina tem sofrido sucessivos ataques, sendo negado a esse povo sua independência nacional.
No Brasil, vivem atualmente cerca de 68 mil palestinos(as) e descendentes. Só no Amazonas são pelo menos 400. “Nossa comunidade palestina migrou para o Brasil recente, a partir de 1968, então nossas raízes estão lá. E ninguém saiu por opção, saímos por causa de guerra, por causa de Israel. Hoje a tecnologia deixou bem claro o que está acontecendo na Faixa de Gaza. A gente vê prédios destruídos e crianças morrendo perante os olhos do mundo todo”, declarou o presidente da Sociedade árabe-palestina do Amazonas, Mamoun Imwas.
O ANDES-Sindicato Nacional publicou, em julho de 2021 uma reportagem sobre a luta histórica do povo palestino por autodeterminação e pelo direito de existir com dignidade. Confira aqui a matéria.
Fonte: ADUA
Fotos: Sue Anne Cursino/ Ascom ADUA
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