Sue Anne Cursino
Ao todo, 13.322 pessoas participaram do segundo turno da Consulta à Comunidade Universitária para a escolha da nova Reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que irá conduzir a instituição no período de 2025 a 2029.
A Chapa 57 – Mudança!, composta por Tanara Lauschner (reitora) e Geone Maia Corrêa (vice-reitor), foi escolhida com 8.089 votos, o que representa 52,86% dos votos válidos. A votação no dia ocorreu por meio do sistema Hélios Voting, no dia 14 de abril, nos seis campi da Ufam: Manaus, Benjamin Constant, Coari, Humaitá, Itacoatiara e Parintins. O resultado foi homologado pela Comissão Organizadora no dia 16 de abril. Esta é a segunda vez que uma mulher assume o cargo de reitora na Ufam.
A Chapa 25 – Por uma Ufam que humaniza, inclui e transforma, formada por Marco Antônio de Freitas Mendonça e Armando Araújo de Souza Júnior, obteve 5.062 votos (47,14%).
Dos 13.322 votos contabilizados, 1.672 foram de docentes, 1.377 de Técnico-Administrativos em Educação (TAEs) e 10.102 de discentes, com paridade entre os três segmentos. Também foram registrados 82 votos em branco e 89 nulos. No total, 33.877 pessoas estavam aptas a votar. A apuração foi realizada no auditório da ADUA, com transmissão ao vivo pelo YouTube da Seção Sindical.
Debates e participação da comunidade
Desde 15 de janeiro, o processo de consulta foi conduzido pela Comissão Organizadora, composta por representantes da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA), do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Superior do Estado do Amazonas (Sintesam) e das representações estudantis da Ufam, Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Associação de Pós-Graduandos e Pós-Graduandas (APG), com suporte técnico do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC) da Universidade.
Os debates entre as chapas candidatas à Reitoria integraram o calendário oficial da consulta e foram realizados presencialmente no auditório Eulálio Chaves, no setor Sul do campus da Ufam em Manaus, com transmissão ao vivo pelo canal da TV Ufam no YouTube.
O primeiro debate ocorreu em 21 de março, com representantes das cinco chapas que disputaram o primeiro turno, mediado pelo jornalista Gerson Severo Dantas. Já o debate do segundo turno foi realizado no dia 10 de abril, com mediação da jornalista Tatiana Sobreira.
Entre os temas abordados estiveram a internacionalização da Ufam, a multicampia, as políticas de assistência estudantil e as diretrizes para extensão e pesquisa na graduação e na pós-graduação.
A presidente da Comissão de Consulta à Comunidade Universitária, professora Francisca Maria Coelho Cavalcanti, destacou a expressiva participação da comunidade acadêmica. “O debate foi extremamente positivo, pois proporcionou às chapas a oportunidade de apresentar suas propostas e dialogar com a universidade. Esse trabalho conclui uma fase importante do processo de consulta, que também é um espaço democrático dentro da instituição”, avaliou, ressaltando a experiência singular em participar da atividade. “Nossa comissão teve o compromisso de garantir um processo democrático e ético. As decisões foram sempre compartilhadas com as chapas. Tivemos uma participação recorde da comunidade, o que mostra o fortalecimento da democracia na Ufam”.
A servidora Helen Carmen Ferreira Rebouças Neri (TAE/ICET), secretária-geral da Comissão, compartilhou sua experiência comentando que foi uma honra representar os TAEs e também os campi que estão fora da sede. “Nos debruçamos sobre cada etapa do processo, desde a elaboração dos regimentos até as decisões mais delicadas. Sempre buscamos acordos com as chapas para garantir um processo transparente. Pela primeira vez, tivemos cinco chapas concorrendo e a comunidade pôde exercer sua escolha de forma ampla. A ADUA foi uma parceira fundamental. Esperamos que a nova gestão cumpra com o plano de propostas apresentado”.
O estudante Allwilliam Melo Negreiros (DCE), segundo secretário da Comissão, avaliou positivamente o processo da consulta e relatou que foi uma experiência única para sua vivência na universidade.
“Espera-se que a nova reitoria tenha uma boa condução para a comunidade acadêmica, tanto na capital quanto no interior. Desejo que essa gestão atenda às demandas dos discentes, como auxílios estudantis e melhorias na infraestrutura, porque as pessoas entram e saem, mas a Ufam permanece. Foi um grande aprendizado acompanhar essa eleição realizada de forma on-line. Agradecemos especialmente à equipe do CTIC, em especial ao Jorge Carlos Magno, pelo suporte técnico essencial ao sucesso do processo”.
Palavras da reitoria eleita
Após a divulgação do resultado, em coletiva à imprensa, Tanara Lauschner falou sobre as prioridades da nova gestão, informando que será realizada uma transição, com a formação da equipe que irá enfrentar os problemas mais imediatos de infraestrutura, como falta de energia, água, segurança e transporte coletivo. “Precisamos fortalecer parcerias com as prefeituras de Manaus e das demais cidades onde temos campi”.
Ao ser questionada sobre inovação tecnológica, Tanara explicou que uma das intenções é modernizar a administração. “Vamos integrar sistemas e otimizar os processos para economizar recursos e melhorar a gestão. A Ufam precisa estar preparada para a era da inteligência artificial, que está transformando a pesquisa e a extensão”.
Sobre a relação com movimentos sociais e entidades representativas da comunidade universitária, a nova reitora afirmou: “A escolha da reitoria é uma conquista dos três segmentos – estudantes, TAEs e docentes. Faremos uma gestão inclusiva, que ouça todos. Não haverá espaço para cerceamento de direitos ou discriminação. Vamos valorizar sindicatos e as representações estudantis da universidade”.
Transição
A consulta marca o fim do mandato do atual reitor, Sylvio Puga, que foi eleito em 2017 e reeleito em 2021. A posse da nova gestão deverá ocorrer até 60 dias após a homologação do resultado da consulta. No dia 16 de abril, Tanara Lauschner e Geone Maia participaram de reunião de transição com a atual reitoria.
Foi instituída pela Ufam a Comissão de Transição, presidida pelo professor José Luiz de Souza Pio (Icomp), com as professoras Sandra Helena da Silva (Icsez) e Ioleti Ribeiro (Fapsi), que irá conduzir o processo de transição administrativa.
Conquista histórica
Em 1984, enquanto o Brasil vivia o movimento das Diretas Já, a Ufam também protagonizava uma luta por eleições diretas. Como resultado dessa luta, em 1985, a ADUA promoveu, pela primeira vez, uma eleição direta para reitor e vice-reitor, elegendo os professores Roberto dos Santos Vieira e Ademar Raimundo Mauro Teixeira. A Ufam foi pioneira no país ao garantir que a comunidade acadêmica escolhesse diretamente seus dirigentes.
Nos anos 2000, a ADUA passou a compor o Conselho Universitário (Consuni) e a integrar as comissões organizadoras das consultas, atuando na fiscalização e na defesa da manutenção dos processos democráticos.
O pleito de 2025 marca o segundo processo on-line de escolha da Reitoria, consolidando mais uma etapa no fortalecimento da participação da comunidade acadêmica, após o ciclo de intervenções nas universidades públicas durante o governo Bolsonaro (2019–2023).
Fotos: Sue Anne Cursino/ Ascom ADUA
|
29/04/2025
