
Faleceu na terça-feira (13), no Uruguai, aos 89 anos, o ex-presidente, ex-guerrilheiro e dirigente político José Alberto “Pepe” Mujica Cordano. Em nota divulgada na quarta-feira (14), a diretoria do ANDES-SN manifestou profundo pesar pela morte do militante, cuja trajetória se tornou símbolo de resistência, coerência e compromisso com as lutas populares.
A nota resgata o histórico de vida e de militância de Pepe Mujica, que é filho de agricultores e iniciou sua trajetória política ainda jovem, se engajando em diferentes frentes de luta até se tornar militante do Movimento de Libertação Nacional.
Preso antes mesmo da instauração da ditadura empresarial-militar uruguaia, Mujica passou 13 anos no cárcere, sendo 11 em prisão solitária, sob o regime de terrorismo de Estado.
Após a redemocratização, Mujica continuou sua trajetória de luta pelas liberdades democráticas e passou a atuar na política institucional do país. “Deixa no exemplo e imaginário boas disposições para construção de um mundo novo, que é tudo que desejamos no nosso depositar de energias militantes”, concluiu a nota do Sindicato Nacional.
“Pepe” Mujica, que completaria 90 anos no próximo dia 20, revelou em abril do ano passado o diagnóstico de câncer no esôfago. Ele vivia em uma chácara nos arredores de Montevidéu, onde manteve até o fim o estilo de vida simples que sempre o caracterizou.
O 2º vice-presidente da ADUA, José Alcimar de Oliveira, em um texto escrito sobre Mujica, relaciona a vivência campesina, de político agricultor e de gente simples do ex-presidente do Uruguai a Amós, o único profeta agricultor da tradição bíblica. “Enquanto viveu afirmou o que é essencial ao bom viver. Por isso, proclamava: 'Meu luxo é ter tempo para fazer as coisas que importam na vida'. Existências separadas por mais de dois mil e setecentos anos, Amós e Mujica se encontraram hoje na Casa Memorial reservada às figuras humanas que jamais morrerão, porque enquanto viveram se fizeram maiores do que os limites de uma vida terrena. Grande será a festa no céu socialista, com vinho uruguaio oferecido por Mujica, na presença de gente da estatura sábia e militante de Amós, Jesus de Nazaré, Marx, Engels, Che, Rosa Vermelha, Oscar Romero, Francisco de Assis e da Argentina, com Maria Madalena, Dercy Goncalves e Elza do Canto Negro”, escreveu o docente.
Leia a segui a Nota de Pesar do ANDES-SN ou baixe o arquivo aqui.
NOTA DE PESAR DA DIRETORIA DO ANDES-SN PELO FALECIMENTO DE JOSÉ “PEPE” MUJICA
A Diretoria do ANDES-SN vem externar seu grande pesar com o falecimento do militante e dirigente político José "Pepe" Mujica.
Nosso pesar não vem do fato de ter sido Mujica presidente da República Oriental do Uruguai, ou mesmo ter se inserido em um rol de governos de natureza "progressista" que em onda tomou nossa “Pátria Grande” nas últimas décadas. Mas sim pelo exemplo obstinado de militante, que não se vergou ante as atrocidades promovidas pelo terrorismo de Estado e seguiu com coerência e disposição os rumos de uma vida boa.
Agricultor e filho de agricultores, encontrou o ensino superior sem poder concluir o curso de direito para obtenção de título. Militou desde jovem sob bandeiras militantes diversas, se sagrando tupamaro, perfilou importantes lutas pela liberdade de seu povo. Mesmo antes da ditadura empresarial-militar uruguaia se instaurar, foi preso e seguiu no cárcere por imensos 13 anos. Dois a mais que Gramsci, para termos ideia.
Cumpriu papel na luta por liberdades democráticas e se inscreveu na política institucional de seu país. Indiferentemente dos cargos assumidos, seguiu levando uma vida frugal, com aguçada sensibilidade ecológica, gesto que não pode ser minorado em tempos em que a degeneração dos laços sociais posta pela mercadoria é tônica.
Deixa no exemplo e imaginário boas disposições para construção de um mundo novo, que é tudo que desejamos no nosso depositar de energias militantes.
Pepe Mujica, presente!
Brasília (DF), 14 de maio de 2025.
Diretoria do ANDES - Sindicato Nacional
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