
Foto: Leonardo dos Santos/Divulgação Foto: Patrick Marques/g1 AM
Sue Anne Cursino
A defesa da universidade pública tomou as ruas de Parintins durante atividades que antecederam o Festival Folclórico de 2025. O compromisso com a educação foi manifestado na Alvorada do Boi Garantido, em 30 de abril, e no Boi de Rua do Caprichoso, em 21 de junho, com forte presença de docentes, discentes e apoiadores(as) do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ/Ufam).
Os dois bois se apresentaram no Festival Folclórico de Parintins, uma festa popular brasileira criada em 1965, reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil, que neste ano completou sua 58ª edição nos dias 27, 28 e 29 de junho.
Neste ano, o Boi Caprichoso trouxe ao festival o tema “É Tempo de Retomada”, inspirado na obra homônima da poeta e pesquisadora Makuxi, Trudruá Dorrico. Já o Boi Garantido apresentou o tema “Boi do Povo, Boi do Povão”. Entre os destaques artísticos das apresentações, estiveram a valorização da diversidade dos povos da floresta, a resistência indígena em defesa da vida e o enaltecimento das matrizes populares, indígenas e afro-brasileiras.
A Educação Pública é nossa bandeira
Com sete cursos consolidados e quase duas décadas de atuação no município, o ICSEZ reafirma seu papel na interiorização do ensino superior público e gratuito no Amazonas. As ações de docentes que se integraram aos festejos populares para divulgar a pauta em defesa da educação pública contou o apoio da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA).
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Docentes da Ufam carregam estandarte pela Universidade Pública durante a Alvorada do Garantido - Arquivo pessoal/Soriany Neves
Esse envolvimento nos cortejos demonstra como a arte, a cultura e a luta sindical se encontram nas ruas de Parintins. “Levar nossa bandeira para compor as festas é uma forma simbólica de dizer que a arte e a cultura, que valorizam o povo, suas tradições e suas lutas, também dizem respeito às nossas atividades sindicais. O Festival tem colocado questões importantes como o resgate da consciência coletiva em torno da defesa da Amazônia e do seu povo afro-indígena, das águas e florestas. Essa representatividade está alinhada ao que defendemos no ANDES-SN e na ADUA”, afirmou 1ª secretária da Seção Sindical e docente do curso de Serviço Social, Valmiene Florindo.
Alvorada Vermelha
Durante a 50ª edição da Alvorada do Garantido, sob o slogan “A universidade é do povo, é do povão”, inspirado no tema do boi vermelho para 2025, docentes da Ufam que integram a torcida do boi Garantido levaram às ruas um estandarte temático, conduzido por um triciclo nas cores vermelho e verde.
A peça foi criada pelo artista parintinense Iandro Tavares, egresso do curso de Artes Visuais do ICSEZ, e chamou atenção do público com sua decoração que exaltava a universidade pública.
Entre as organizadoras da atividade, a professora do curso de Jornalismo e sindicalizada à ADUA, Soriany Neves, defende que ação é fundamental para reforçar a mensagem de defesa da educação, integrando a universidade e a comunidade local. “A gente percebe que os nossos alunos têm muito orgulho de ser parte dessa universidade”, declarou a docente em entrevista ao site Amazonas Cultura.
Azul e branco nas ruas
A tradicional festa “Boi de Rua” do Caprichoso, realizada no dia 21 de junho, teve como ponto de partida os bairros Palmares e Francesa. Ao som da Marujada de Guerra, a população celebrou memória e tradição.

Brincantes destacam a defesa da Amazônia, da Educação Pública e do Sindicato Nacional no tradicional Boi de Rua do Caprichoso - Foto: Michel Amazonas
Casas ornamentadas com bandeiras e fitas azuis enfeitavam o trajeto enquanto toadas antológicas embalavam o percurso. A mensagem de que a fusão entre arte e ativismo é essencial para defender a Amazônia, os povos indígenas e a educação pública, é fortalecida pelo professor do curso de Artes Visuais e sindicalizado à ADUA, Erick Nakanome, que integra o Conselho de Arte do Caprichoso. O docente levantou a bandeira do ANDES-SN, que, em um momento histórico, pela primeira tremulou nas cores azul e branco, reforçando a simbologia da diversidade do Sindicato Nacional docente.
Assim como na Alvorada do Garantido, a culminância da celebração azulada foi a chegada à Catedral de Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Parintins, onde cultura e educação uniram-se em um cortejo de resistência — do bumbódromo às salas de aula, da toada ao manifesto.
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