O Ibama concedeu, no dia 20 de outubro, a licença de operação para a Petrobras iniciar a exploração de petróleo na Amazônia. Em maio deste ano, o instituto havia negado a autorização para a petroleira perfurar um poço exploratório no bloco 59 (FZA-M-59), na região da Foz do Amazonas, mas acabou sendo vencido pela pressão política. O ANDES-SN publicou, no dia 23 de outubro, uma nota de repúdio à liberação do Ibama (leia na íntegra ao final da matéria).
De acordo com a InfoAmazônia, essa autorização é a primeira concedida pelo órgão ambiental na costa amazônica dentro da chamada margem equatorial brasileira, que abriga dezenas de blocos de concessão entre o Amapá e o Rio Grande do Norte. A região é considerada a nova fronteira do petróleo nacional, e deve abrir caminho para o licenciamento dos blocos concedidos, em julho, às petroleiras estrangeiras.
Essa concessão irá impactar diretamente o meio ambiente, as populações que vivem no entorno e em longo prazo todo o clima global, uma vez que na margem equatorial brasileira fica a maior faixa contínua de manguezais do mundo e o Grande Sistema de Recifes da Amazônia (GARS).
“A emissão da licença para o bloco 59 é uma dupla sabotagem. Por um lado, o governo brasileiro atua contra a humanidade, ao estimular mais expansão fóssil contrariando à ciência e apostando em mais aquecimento global. Por outro, atrapalha a própria COP30, cuja entrega mais importante precisa ser a implementação da determinação de eliminar gradualmente os combustíveis fósseis”, afirmou a coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, Suely Araújo.
Leia a nota do ANDES-SN na íntegra:
NOTA DA DIRETORIA DO ANDES-SN DE REPÚDIO À LIBERAÇÃO DO IBAMA PARA EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NA AMAZÔNIA
O ANDES-SN manifesta seu mais veemente repúdio à decisão do IBAMA de liberar a exploração de petróleo na Amazônia. Esta medida representa uma ameaça e um retrocesso ambiental, civilizatório e ético diante da gravidade da crise climática global. A autorização de atividades petrolíferas em território amazônico é contraditória com qualquer compromisso de transição energética e de enfrentamento da emergência climática.
É inaceitável que o Estado brasileiro continue apostando em uma matriz energética baseada em combustíveis fósseis, responsáveis por emissões de gases de efeito estufa, desmatamento, contaminação das águas e destruição irreversível de ecossistemas únicos.
A justificativa de que a exploração traria “desenvolvimento” ou “geração de milhões em receita” é falaciosa e ultrajante. Não há desenvolvimento possível em um planeta devastado. Não há riqueza que compense o colapso climático, a destruição da biodiversidade e o impacto sobre a vida das populações indígenas, ribeirinhas e tradicionais que habitam e protegem a floresta.
Qual expectativa se pode ter, tendo em vista que o país anfitrião da COP 30 já demonstra o grau de inconsistência de seus futuros compromissos ambientais frente a uma ação de tamanha repercussão e agressão socioambiental?
O ANDES-SN se soma a todos os movimentos que denunciam a incoerência das políticas do governo Lula, que, ao mesmo tempo em que falam em “sustentabilidade”, alimentam a dependência de fontes fósseis e aprofundam a devastação da Amazônia. Exigimos o imediato cancelamento da autorização de exploração petrolífera na região amazônica e a adoção urgente de políticas públicas que invistam em uma transição energética justa, limpa e socialmente responsável, baseadas na justiça e na soberania ambiental.
Brasília, 23 de outubro de 2025.
Diretoria do ANDES - Sindicato Nacional
Fonte: InfoAmazonia, G1 e ANDES-SN
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28/10/2025
