Av. Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 3.000, Campus Universitário da UFAM, Setor Sul, bairro Coroado - CEP 69.077-000 - Manaus/Amazonas

Whatsapp +55 92  98138-2677
+55 92 4104-0031


Viva Melhor


   


  02/12/2025


Comunicação, arte e sindicalismo são temas em encontro do ANDES-SN



Painel 1 debateu redes sociais, desinformação e comunicação sindical - Foto: Eline Luz/ ANDES-SN 

 

Daisy Melo

 

Debater as atuais questões da comunicação – como a regulação das big techs e a Inteligência Artificial (IA) – e da arte, associadas aos desafios do sindicalismo e do mundo trabalho. Esse foi o foco do VIII Encontro Nacional de Comunicação e Arte e do III Festival de Cultura e Arte do ANDES-SN, evento conjunto realizado de 7 a 9 de novembro, no campus Gragoatá da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ). Com tema central “Arte e Comunicação fortalecendo o ANDES-SN para derrotar o ódio nas ruas e nas redes”, o encontro teve organização da Associação de Docentes da UFF (Aduff).

 

Pouco mais 50 pessoas participaram das atividades entre docentes e profissionais de comunicação do ANDES-SN e das seções sindicais. A ADUA foi representada pelo coordenador do Grupo de Trabalho de Comunicação (GTCA) local e professor do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ/Parintins), Helder Mourão, e pela assessora de comunicação da Seção Sindical, Daisy Melo.

 

O primeiro dia do evento foi iniciado com o debate sobre “Redes sociais, desinformação e comunicação sindical”. A contradição entre o uso das redes e a crítica ao modus operandi das big techs foi trazido ao centro do debate pela docente da Universidade Federal do Ceará (UFC), Helena Martins. “Não temos só que ‘aprender a usar a rede social’. É preciso compreender a sua lógica econômica, política, cultural e ideológica. Temos que usá-las e desmontá-las, fazer uma outra internet a serviço do modelo de sociedade que queremos”, destacou.

 

Sobre a desinformação, a palestrante frisou ser esta abertamente ideológica e manipulativa. “Os meios de comunicação no Brasil sempre desinformaram e contribuíram para a desconstrução do debate público. Manipulam, censuram… A desinformação hoje não aparece como mentira deslavada. Em geral são posições políticas absurdas, é ideologia, são campanhas orquestradas contra determinadas instituições”, destaca.

 

“Arte, formação crítica e construção das nossas lutas” foi tema de discussão no segundo dia. O debate ressaltou que, no campo da luta de classes, arte e cultura são forças mobilizadoras que não podem ser ignoradas. “Precisamos socializar os meios de produção da arte e da cultura e não apenas estimular seu consumo como produtos. Produzir teatro, colocar as pessoas em experiência pedagógica com a produção cultural, trazer oficinas e dialogar com essa perspectiva. Entender a cultura como algo nosso, que todos podem fazer, que não é de um grupo específico, que pode ser nosso meio de intervenção militante, de participação política”, disse a professora da UFF, Kênia Miranda.

 

Neste aspecto foram citados como referências o teatro de Beltolt Brecht e seu estímulo à reflexão e a crítica social e o laboratório marxista cultural do Teatro de Arena, que têm como uma de suas referências Augusto Boal. “Esse campo também é nosso. Podemos aprender a fazer e com uma linguagem que seja nossa. Não podemos deixar que a técnica supere nossa energia vital de transformação política e social, considerar que é somente um campo profissional de quem tem talento, formação técnica. É preciso superar a forma burguesa de dialogar com classe trabalhadora”.

 

Durante o encontro também foram realizados os painéis “A urgência da regulação das big techs e a luta pelo direito à comunicação” e “IA, plataformização e mundo do trabalho”, que tiveram como palestrantes as(os) docentes Jonas Valente, da Universidade de Brasília (Unb), Chalini Torquato, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Manoel Dourado, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). As atividades também contaram com a participação de Horrara Moreira, coordenadora da campanha “Tire Meu Rosto da Sua Mira”, lançada em 2022 e que visa banir o uso de tecnologias de reconhecimento facial na segurança pública brasileira.

 

Festival teve entre as atrações uma peça teatral do “Laboratório Brecht” - Foto: Eline Luz/ ANDES-SN 

 

Audiovisual, arte e oficinas

 

Durante o encontro foi exibido o curta produzido pela ADUA “A multicampia nas universidades amazônicas”. O trabalho apresenta relatos de docentes da base das seções sindicais que compõem as Regionais Norte 1 e 2 do ANDES-SN. O filme evidencia os desafios enfrentados por essas(es) trabalhadoras(es) da educação nos campi das universidades federais e estaduais públicas da Amazônia devido à ausência de infraestrutura e de condições de trabalho, moradia, saúde e lazer nas cidades onde atuam, além das dificuldades de atuação sindical. O material audiovisual foi produzido pelo professor aposentado da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Ufam, Tomzé Costa, e pela assessora de comunicação da ADUA, Sue Anne Cursino, e teve edição de Caio Alex Silva.

 

Também houve a exibição do primeiro episódio do documentário “Folha Corrida”. O trabalho aborda a colaboração da Folha de São Paulo com a Ditadura Empresarial-Militar. O filme foi apresentado por uma das pesquisadoras responsáveis pela série documental e professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Flora Daemon. O material audiovisual serviu de base para a abertura de um inquérito por parte do Ministério Público Federal (MPF).

 

A programação contou ainda com a oferta das oficinas: “Audiodescrição para as redes sociais” (Patrícia Silva), “Teatro do Oprimido” (Kenia Miranda e Haiz Cena), “Produção de Vídeo Documentário” (Giuliana Zamprogno) e “Técnicas de vídeo – da concepção à edição” (Eline Luz).

 

O III Festival de Cultura e Arte do ANDES-SN teve entre as atrações artísticas a roda de samba “Terreiro da Vovó”, que encerrou o primeiro dia de atividades com um reportório de sucessos do gênero acompanhado na palma da mão pelas(os) participantes do encontro do ANDES-SN.

 

A manhã do segundo dia do encontro foi iniciada com a apresentação do grupo teatral “Laboratório Brecht”. Cenas da peça ainda em construção “Ambientes de negócio” foram assistidas pelas(os) participantes do encontro. A montagem dramatizou o impacto do rompimento de uma barragem da mineradora Samarco em Mariana (MG) sob as(os) moradores da cidade. O crime ambiental completou 10 anos no dia 05 de novembro.

 

À noite foi a vez da “Batalha da UFF” contagiar as(os) participantes com uma batalha de rimas, mostrando a força da cultura hip-hop. O grupo participa das rodas culturais quinzenais na Praça Zumbi, no campus da universidade.  No encerramento do segundo dia, o “Laboratório do Charme (LabCharme)” realizou um verdadeiro baile charme com música e dança. A apresentação contou com a da DJ Mayara Ylo e dançarinas(os) oficiais do movimento charme, evidenciando a valorização da cultura black.

 

O fechamento do terceiro e último dia do evento conjunto do ANDES-SN ficou por conta do grupo Capoeira Brasil, do Mestre Paulinho Sabiá. O grupo foi criado em 14 de janeiro de 1989, ano de comemoração dos 100 anos da abolição da escravatura no país, com o intuito de promover a cultura da capoeira, evidenciando seu caráter social e cultural.

 

ANDES-SN reafirma o diálogo com a categoria em encontro de Comunicação e Arte

 

Helder Mourão

 

O VIII Encontro de Comunicação e Arte e III Festival de Cultura e Arte do ANDES-SN, embora tenha debatido sobre vários temas, destacou-se em dois itens principais.

 

Primeiramente relembrou a essência do movimento sindical, que é a luta pela categoria que representa. Durante os dias do evento os professores e as professoras de Instituições de Ensino Superior (IES) de todo o país foram enfáticos no tema. Ainda assim reiteraram que a qualidade da luta da categoria só faz sentido no conjunto da luta de todos os trabalhadores e as trabalhadoras. É preciso compreender sua categoria, suas necessidades e o histórico de suas lutas. Mesmo assim, esse processo se dá em diálogo.

 

Painel 2 discutiu arte, formação crítica e construção das lutas no segundo dia - Foto: Eline Luz/ ANDES-SN 

 

O professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Diego Ferreira Marques, que é 2º tesoureiro do ANDES-SN, apresentou as diversas bandeiras do sindicato, que dialogam e reafirmam as lutas com o movimento negro, das mulheres, das diversidades e também anunciou a bandeira ecossocialista.

 

A professora do Estado da Bahia (Uneb), Caroline Lima da Universidade, que também é 1ª vice-presidenta do ANDES-SN, durante o painel “Arte, formação crítica e construção das nossas lutas” apresentou o histórico de lutas do ANDES-SN, as transformações em arte e comunicação do sindicato e mostrou o diálogo com diversas lutas. É fundamental melhorar o diálogo com a categoria, promovendo união pelo bem comum. A professora da Uneb mostrou exemplos para explicar a necessidade da identificação do ANDES-SN, onde ele esteja, faça seus eventos e ações. “A base precisa se reconhecer nas estruturas de comunicação, cultura e arte”, disse no painel. Esse reconhecimento se dá no uso de imagens e fotografias, dos monumentos e lugares importantes das cidades, gerando essa identificação regional nas artes das comunicações.

 

Na mesma linha do primeiro ponto, o segundo item de destaque veio da professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) de Niterói, Kênia Miranda, quando fez a seguinte indagação: “Como fazer o sindicato ser um espaço onde as pessoas querem estar”? A docente afirmou que os próprios espaços sindicais têm que ser agradáveis para a base, promovendo também a arte e a cultura como forma de organização e formação. É preciso fazer a base sentir que esse é um espaço agradável de estar, que seja uma opção. Com o fortalecimento da base, pode-se fazer do espaço sindical, um espaço onde todos e todas também queiram estar. Esse processo só pode ocorrer no diálogo com outros movimentos e categorias, que possam compartilhar e divulgar suas formas de arte, comunicação, cultura e, portanto, política.

 

Esses são desafios fundamentais, mas grandiosos. O ANDES-SN e a ADUA, estão em diversas IES e cidades. Nem todos têm uma sede própria. Nem todos têm estrutura ou quantitativo de pessoal para as atividades, mas isso não deixa de ser uma necessidade de sempre voltar à base.



Galeria de Fotos
 

 

COMENTÁRIO:


NOME:


E-MAIL:

 






energia solar manaus

Manaus/Amazonas
Av. Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 3.000, Campus Universitário da UFAM, Setor Sul, bairro Coroado - CEP 69.077-000 - Manaus/Amazonas

energia verde

CENTRAL DE ATENDIMENTO:
+55 92 4104-0031
+55 92  98138-2677
aduasindicato@gmail.com

ADUA DIGITAL