| A  pressão feita pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível  Superior (Capes) por publicações pode gerar condutas antiéticas por  parte dos pesquisadores. Tal constatação faz parte de pesquisa  desenvolvida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade  (FEA) da USP.
 Segundo o autor do estudo, Jesumar Ximenes de  Andrade, “quem não publica muito pode ser responsável pela redução da  nota do curso e, por consequência, pode ser retirado do programa”. Tal  relação é tema da tese de doutorado de Andrade, sob a orientação do  professor Gilberto de Andrade Martins e será defendida no mês de abril. A  pesquisa foi aplicada na área de Contabilidade.
 
 Andrade fez o  levantamento da opinião de 85 pesquisadores durante o Congresso USP de  Controladoria e Contabilidade, em 2009, na FEA. Através de pesquisa  quantitativa, na forma de questionário, o pesquisador apresentou 18  comportamentos antiéticos aos entrevistados, pedindo que esses  respondessem à frequência com que ficaram sabendo de alguma daquelas  práticas, bem como, a freqüência que acreditavam que tais comportamentos  ocorriam. Ao final, foram questionados sobre os fatores que levariam a  tais comportamentos. Com os dados coletados através do questionário,  Andrade aplicou uma entrevista semi-estruturada a oito pesquisadores.
 
 Conforme  os levantamentos, um dos fatores mais indicados como propulsores de  condutas antiéticas foi a pressão por um grande número de publicações.  “É algo que merece reflexão da própria Capes e de toda a comunidade  científica. É melhor ter quantidade ou qualidade? Publicações com  qualidade exigem tempo para serem produzidas”, afirma o pesquisador.  Contudo, Andrade ressalta que a crítica não é ao papel que a Capes  cumpre e sim aos atuais mecanismos. O autor pontua, ainda, que segundo a  pesquisa as condutas antiéticas ainda não possuem muita frequência,  contudo, sua simples existência já deve servir como alerta, buscando  novas perspectivas que eliminem de vez a má conduta no meio acadêmico.
 
 Práticas mais citadas
 
 Entre  os exemplos de má conduta, os mais citados estão relacionados às  coautorias e a bibliografia. No primeiro caso, é comum, segundo os  entrevistados, creditar a coautoria de outros autores que não  contribuíram com o trabalho. Com isso, em outra pesquisa existe a  retribuição. Com isso, aumenta-se o número de publicações para ambos. No  que se refere à referência bibliográfica, é comum, também segundo dados  da pesquisa, a citação de obras que não foram lidas, o que daria ao  trabalho a impressão de um maior embasamento teórico. Outro dado que  chamou a atenção, foi que os entrevistados acreditavam que a frequência  com que são praticadas tais condutas é maior do que eles têm  conhecimento.
 
 Fonte: Portal do Aprendiz, com edição da Sedufsm |