| Mesmo  com pressão da sociedade civil organizada, o plenário se rendeu às  vontades da Federação Internacional de Futebol e aprovou um regime de  urgência para votar a Lei Geral da Copa, que fere claramente a  Constituição brasileira e os direitos do/a consumidor/a. Com a votação  prevista para a próxima quarta-feira, dia 14, em Brasília, a Articulação  Nacional dos Comitês Populares da Copa se manifestou e lançou um  comunicado onde denuncia e critica o posicionamento dos parlamentares  frente ao direito de participação do povo brasileiro e o autoritarismo  da Fifa. Também pede o veto do PL 2330/2011.
 Restrição do  comércio de rua, retirada da meia-entrada, imposição de limite para  assistir aos jogos (via rádio, internet, ou bares e restaurantes),  criação de penas específicas para o evento, restrição da liberdade de  imprensa, permissão de venda de bebidas alcoólicas nos estádios. São  muitas os pontos defendidos pela Fifa que demonstram o quanto a  soberania do país vai sofrer caso a Lei Geral da Copa seja aprovada como  está. Isto sem mencionar problemas que já estão como remoção de  famílias para dar lugar a obras estruturantes do megaevento, greves de  trabalhadores, salários defasados para os empregados das obras, entre  outros.
 
 "A entidade visa, portanto, apenas seus interesses/lucro  em detrimento do bem comum e das necessidades da população. Também os  congressistas e os nossos governantes parecem pouco se importar com os  direitos sociais dos brasileiros. Onde está o suposto "legado social”  dos jogos? Até agora, nada encontramos que permita justificar as dezenas  de bilhões já investidos em nome da Copa e das Olimpíadas”, enfatiza o  comunicado.
 
 Para além disso, o texto ressalta que a Lei Geral da  Copa, na verdade, não é tão "geral” assim, uma vez que se trata de  interesses privados. Dado importante destacado pela Articulação dos  Comitês é que as cidades que vão sediar estão criando leis especialmente  para o evento esportivo, como leis de segurança, de isenção fiscal, de  restrição territorial.
 
 "No Senado, ainda, para onde seguirá, caso  os deputados aceitem a submissão à Fifa, a Lei Geral se associará a  pelo menos outros dois PLs (394/09 e 728/11) que, entre outras  propostas, restringem o direito à greve a partir de três meses antes da  Copa, abrem a possibilidade de proibição administrativa de ingresso de  torcedores em estádios por até 120 dias, inventam o tipo penal de  "terrorismo” – hoje inexistente no Brasil – e estabelecem justiças e  procedimentos de urgência para julgá-lo. Criam, ainda, as chamadas  "Zonas Limpas”, de exclusividade da Fifa nas cidades e privatizam o  hino, símbolos, expressões e nomes para a Confederação Brasileira de  Futebol – a tão "idônea” CBF”, esclarece a Articulação.
 
 De acordo  com o comunicado, o Brasil tem condições objetivas de sediar a Copa do  Mundo sem produzir este legado autoritário e anti-democrático. "Já  sediamos grandes eventos, dos mais diversos tipos. A aprovação de novas  leis não é necessária e representa um cavalo-de-tróia para modificações  que, supostamente transitórias, terminam por incorporar-se  definitivamente em nosso direito interno”, completa.
 
 Diante de  todas estas denúncias, os Comitês pedem que o Poder Legislativo  formalize o veto que a população já deu ao Projeto de Lei 2330/2011.  Para isso, os congressistas devem votar contrário e não se submeter às  exigências da Fifa.
 
 A Articulação Nacional dos Comitês Populares  da Copa (Ancop) é formada pelos Comitês Populares nas 12 cidades-sede da  Copa: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus,  Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
 Confira aqui o manifesto "LEI GERAL DA COPA: um “chute no traseiro” do povo brasileiro".
 
 
 Fonte: Adital |