| Reafirmando  sua posição contrária à unificação das carreiras do Magistério Superior  (MS) e do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (Ebtt), o governo  iniciou a reunião nesta quinta-feira (19) apresentando alguns conceitos  que organizam a posição do Ministério do Planejamento (MP) a respeito da  carreira.
 “Ninguém  tem dúvida que Ebtt e MS têm o mesmo grau de relevância, mas suas  peculiaridades têm que ser observadas de alguma forma e têm que ser  tratadas em carreiras distintas. Mas é possível assegurar na legislação  que sejam tratadas de forma equânime”, argumentou Marcela Tapajós, da  Secretaria de Relações do Trabalho, SRT/MP.
 
 No entanto, a  justificativa foi logo descontruída uma vez que a própria concepção  colocada “conjunto de classe de mesma natureza de trabalho, escalonadas  segundo o nível de complexidade e o grau de responsabilidade das  atribuições, dentro da qual se dá o desenvolvimento profissional do  servidor”, na visão do ANDES-SN, reforça ainda mais a perspectiva de  unificação, uma vez que a natureza do trabalho exercido nas diferentes  instituições de ensino federais e as atividades típicas do cargo são as  mesmas.
 
 Em sua fala, o representante da Secretaria de Educação  Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC),  Aléssio Barros, afirmou que o governo não tinha como cultura a  articulação do ensino técnico com a educação.
 
 Barros foi além e  admitiu que o MEC precisa aprofundar a clareza em relação ao  desenvolvimento nos IFE. “Não chegamos a fazer um debate de base das  finalidades, das funções e da necessária articulação que deve haver  nessas instituições, e dessas com as universidades”, disse.
 
 Marina  Barbosa, presidente do ANDES-SN, questionou as falas dos membros do  governo, afirmando que os representantes das entidades presentes à mesa,  que vivenciam a realidade tanto no Magistério Superior quanto no Ebtt,  podiam afirmar com propriedade que, no papel social, existem mais  congruências que incongruências nessa articulação, cujo projeto é,  inclusive, do próprio governo.
 
 “Cada  vez o trabalho docente se comprova igual em instituições distintas.  Quando o governo fez toda a mudança Ebtt, ele tinha um projeto e  trabalhou em paralelo a isso o projeto das universidades. E agora admite  que não está muito clara a relação das funções entre as duas  instituições. Isso é uma novidade na argumentação”, observou Marina.
 
 Trazendo  um novo elemento para a mesa de negociações em torno da reestruturação  da carreira docente, Marcela Tapajós argumentou que o governo se  preocupa também com os riscos de unificar as carreiras. Segundo ela,  seria preciso uma avaliação a respeito da segurança e do significado  jurídicos da aglutinação de cargos.
 
 De acordo com a representante  da SRT/MP, o governo não tem nenhuma análise de que a carreira única  não irá gerar problemas futuros, como ações de inconstitucionalidade  questionando a legalidade da unificação. “Pode ser que não se possa  transpor o servidor garantido todos os direitos adquiridos”, pontuou.
 
 Marina  afirmou então que o ANDES-SN tem clareza de sua proposta e que a mesma  tem sustentação jurídica. Ela salientou ainda que a entidade não vê a  unificação como a criação de uma nova carreira e que, em nenhum momento,  desde o início das negociações, o governo tinha apresentado este  argumento como justificativa contrária à junção das carreiras.
 
 “Esse  argumento é novo e nós não temos como solicitar um parecer à AGU. Só  quem tem possibilidade de esclarecer isso é o governo. Vocês que têm que  dizer se, para o governo, a situação não tem respaldo legal na análise  dos advogados da União. Até porque, a classe trabalhadora não chegou  nesse nível de loucura de viver sem os direitos já conquistados e  adquiridos”, disse a presidente do ANDES-SN, questionando ainda em que  momento as entidades poderiam ter uma posição oficial do governo sobre a  segurança jurídica a respeito do que está sendo debatido na mesa.
 
 Cargos
 
 Em  relação ao número de cargos na carreira, o ANDES-SN e as demais  entidades do setor da educação presentes à mesa apontaram a incoerência  do atual modelo e destacaram os diversos problemas decorrentes da  existência do cargo de professor titular. O Sindicato Nacional reafirmou  sua posição em relação a necessidade de extinção de dois cargos numa  mesma carreira.
 
 Mesmo ciente de todas as questões levantadas na  mesa e de que as mesmas podem ser sanadas com a extinção do cargo  titular, a representante da Secretaria de Ensino Superior do MEC  (Sesu/MEC), Dulce Tristão, disse que a posição do governo é manter os  dois cargos.
 
 “Respeitando  toda a evolução da carreira, a proposta é ter dois cargos: um que seria  o desenvolvimento na carreira e outro, titular, que, com a mesma  remuneração do final da carreira, possa possibilitar as situações  específicas para que alguém que queira entrar na academia, não como  avanço na carreira, mas como uma entrada para alguém especial”,  explicou.
 
 “Independente de discutirmos a questão remuneratória,  todos nós aqui partilhamos de uma opinião de que há problemas graves na  construção do cargo Titular. Apesar disso, a proposta do governo é:  desprezam-se os problemas e mantém-se o que está posto. Isso vai na  contramão de toda argumentação feita aqui e da própria proposta do MP e  do MEC de buscar superar os pontos de tensão na carreira”, disse a  presidente do ANDES-SN.
 
 Marcela Tapajós buscou argumentar,  informando que o que o governo coloca é que existe a necessidade de ter  um mecanismo de contratação para atrair um profissional com um nível de  experiência maior, com uma remuneração específica e para isso é  necessário a criação de um cargo isolado. Destacou que não havia a  pretensão de salientar distorções, tanto que a proposta é que a  remuneração desse cargo seja a mesma do último nível da carreira.
 
 Luiz  Henrique Schuch, 1º vice-presidente do ANDES-SN, ressaltou que a  equivalência de salário não desfaz o problema. “Se mantêm as diferenças  honoríficas e também não se estabelecem quais são os requisitos de  ingresso nesse cargo isolado. Que garantia existe de que no futuro não  sejam criadas novas distorções”, observou, evidenciando a manutenção de  mais uma divergência.
 
 Ele disse ainda que não há garantias de  que não se estaria criando a possibilidade para professores pularem  níveis e chegar ao topo da carreira, ingressando no cargo especial.  “Está claro que temos mais uma diferença”, constatou.
 
 Próximas reuniões
 
 Neste  final de semana, o Setor das Instituições Federais de Ensino Superior  (Ifes) do ANDES-SN ser reúne para avaliar o que foi posto pelo governo,  fazer um balanço da mobilização da categoria e definir as próximas ações  tanto na mesa de negociação quanto na base. A discussão sobre a  estrutura da carreira será retomada na próxima reunião do GT Carreira na  quarta-feira, 25.
 
 No dia 24, antecedendo reunião do GT, o Fórum  das Entidades dos Servidores Públicos Federais (SPF) tem uma reunião  com o MP para discutir a pauta unificada dos servidores, que tem, entre  as reivindicações, o índice de 22,8% para a recomposição salarial  emergencial e linear para o funcionalismo público federal.
 
 Confira aqui o informe da reunião.
 
 Fonte: ANDES-SN
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