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  14/04/2020 - por Isaac Lewis



O coronavírus numa sociedade colonizada



A pandemia do coronavirus no Brasil tem exacerbado a cultura do esquecimento e da alienação de segmentos tanto das classes favorecidas quanto das classes desfavorecidas, de tal sorte que os comportamentos de alienação e de esquecimento são confundidos. A Biologia ensina que o desenvolvimento de vírus e bactérias pode ocorrer à revelia da vontade dos seres humanos. Isso significa que as instituições científicas precisam estar vigilantes e preparadas para evitar ou minorar os impactos de tais ocorrências.


O primeiro aspecto a ser observado são os pronunciamentos de autoridades, especialistas e de políticos que pretendem transmitir didaticamente os problemas do COVID-19 e as possíveis soluções para a população, constituída, em sua maioria, de analfabetos absolutos e funcionais, utilizando palavras inglesas, como fake news, guidelines, lock down, knock down, delivery, live, break, workshop, paper, home office. Esse comportamento das autoridades e especialistas é deveras estranhíssimo, pois muitas dessas autoridades afirmam que “o Brasil será um grande país” ou referem-se a esse país como a “pátria amada”.


O segundo aspecto comportamental a ser observado refere-se ao fato de políticos, ministros, empresários e profissionais liberais alardearem continuamente que o Brasil é a oitava maravilha capitalista do mundo, porém não explicitam por que o Brasil, independente há duzentos anos, não consegue fabricar produtos médicos hospitalares para atender a necessidade dos seus profissionais da saúde e da sua população e precisa depender da produção de países do Oriente (Coréia, Índia, China) que iniciaram seu desenvolvimento industrial há menos de cem anos.


O terceiro fato a ser observado é a louvação que autoridades da saúde, políticos e empresários fazem do SUS – Sistema Único de Saúde. Louvam-no como o maior sistema público de saúde do mundo (1). Essa louvação assemelha-se a outras louvações, como, por exemplo, a ideia de que o Brasil é um estado democrático de direito (2). Essas louvações referem-se ao que se proclama sobre o SUS ou ao Brasil e não ao sistema real de saúde ou ao Brasil real.


1 – Não devemos esquecer que antes da chegada do coronavirus, o Sistema Único de Saúde estava praticamente falido, quase parando. Ele era público, porém contava com parcerias estranhas com muitas clínicas e hospitais particulares. Os planos de saúde nem sempre se revelavam como tal, mais parecendo planos de morte. Muitos egressos de Faculdades de Medicina cometeram erros letais e os Conselhos de Medicina nunca se revelaram órgãos científicos de investigação eficientes. Nem mesmo as faculdades foram responsabilizadas pelas incompetências de seus egressos. Quando o SUS foi criado, as faculdades de medicina não foram avisadas, preparadas ou orientadas para formar profissionais comprometidos com os interesses e as necessidades da maioria da população brasileira.


2 – Precisamos lembrar que o Brasil real tornou-se independente e uma república através do protagonismo de senhores, senhoras e traficantes de escravos e de poucos elementos das classes emergentes que nunca entenderam ou assumiram  as lutas pela democracia e pela república, defendidas pelos revolucionários franceses em 1789. O resultado disso é o país ser mais um estado burocrático de direito do que um estado democrático de direito. Os dispositivos discriminatórios e excludentes das ordenações coloniais portuguesas foram reproduzidos nas constituições do império e da república. Uma das consequências perversas da apropriação do estado brasileiro pelas classes favorecidas do período colonial foi a monopolização das terras e de seus recursos naturais e minerais por essas classes e sua cessão exclusiva para classes privilegiadas das metrópoles colonizadoras. Dessa forma, ocorre a concentração de terras em mãos de minorias, restando às classes desfavorecidas a ocupação em mangues, morros, terrenos precários, onde passaram a viver. Por isso as epidemias e pandemias atingem perigosamente essas populações.  


O último aspecto a ser observado refere-se à insistência de grupos supostamente religiosos cristãos que pretendem confundir crenças com conhecimentos. Qualquer hora, esses grupos vão querer instituir diplomas e certificados para as suas crenças. Esquecem esses falsos religiosos, fanáticos e fundamentalistas, que em 1978, na Guiana Inglesa, Jim Jones, um messias que confundia crenças religiosas com vários conhecimentos, liderou suicídio em massa de mais de novecentos membros de sua Igreja Templo dos Povos, além de assassinatos de 300 crianças e de adultos que se recusaram a seguir as determinações de suicídio do messias. Quando ele nasceu, sua mãe acreditava que ele era “o messias”. Concluímos que tanto a alienação propicia esquecimento quanto o esquecimento induzido ou voluntário propicia alienação. A História ensina fatos políticos, sociais e religiosos para quem quer aprender.


Isaac é professor aposentado da Faculdade de Educação/UFAM

 







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