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  11/08/2020 - por Jonas G. da Silva



Rumo a 100 mil, ou será 300 mil?



O artigo faz uma reflexão sobre o escandaloso número de casos fatais por covid-10 no Brasil e conclama a sociedade a se indignar e agir.

 

Segundo o site Worldometers , o Brasil (até as 12h41 do dia 04/08/20) tinha 2.755.081 casos registrados da covid-19, dos quais, 1.912.319 recuperados, 747.981 ativos, 8.318 críticos, enquanto que 94.781 pessoas já faleceram.

 

Quando comparado com os demais 214 países, o Brasil está no 2º lugar em termos de total de casos, em termos de total de recuperados, em termos de total de mortos e em terceiro lugar em total de casos críticos. Essa comparação é questionável, pois não leva em conta o número de dias em comum, nem total por milhão de habitantes, nem as subnotificações. Assim, vou focar no total de casos fatais, levar em conta a comparação com a população, as subnotificações e o total de 150 dias para comparar com os países mais exemplares no planeta.

 

Como já foi escrito nos artigos anteriores, o Centro de Modelagem Matemática de Doenças Infecciosas (CMMDI) da London School of Hygiene & Tropical Medicina publica periodicamente um relatório contendo estimativas de % de casos sintomáticos notificados em países com mais de dez mortes. Esse % aponta o quanto o valor oficial divulgado representa em relação ao total de casos reais existentes em cada país.

 

Segundo o CMMDI, esse percentual médio evoluiu no Brasil da seguinte forma: 19/5 (15%), 28/5 (19%), 02/6 (26%), 21/6 (32%), 24/7 (41%) e 02/8 (57%). Como se pode perceber, o % tem aumentado ao longo do tempo, possivelmente por conta do aumento de testes que tem ocorrido no país. No 150º dia (23/07/20) desde o 1º caso oficial, o número total de casos fatais no Brasil, reconhecido pelo Worldometers, é de 84.207 mortos, em termos reais, pela estimativa do CMMDI:

 

  1. Cenário otimista: o número real estimado de casos fatais no Brasil seria de 147.732, se levar em conta o último valor divulgado (57%), nove dias após o 150º dia (23/07/20), ou seja, teríamos até 63.525 casos que não entraram nos dados oficiais como mortos por covid-19;
  2. Cenário realista: o número real estimado de casos fatais no Brasil seria de 205.382, se levar em conta o valor de 41% apontado na data mais próxima do 150º dia (23/07/20), ou seja, teríamos até 121.175 casos que não entraram nos dados oficiais como mortos por covid-19;
  3. Cenário pessimista: o número real estimado de casos fatais no Brasil até o 150º dia, seria de 265.889, se levar em conta a média (31,67%) dos percentuais entre os dias 19/5 e 2/8. Nesta situação, teríamos até 181.682 casos que não entraram nos dados oficiais por covid-19.

O nobre leitor pode questionar esses valores, mas aqui não se busca uma exatidão nas estimativas, mas apenas reforçar a ideia de que temos um número muito alto de irmãos e irmãs de nossa pátria perdendo a vida para a doença, muitos sendo enterrados sem terem sido registrados corretamente pelas autoridades do país. Isso é fato e poderia ter sido evitado, mas pelo jeito como andam as coisas, não vemos comoção dos gestores do governo federal, estadual e municipal em relação a isso.

 

 

Para aumentar a sensibilização em relação a essa catástrofe humanitária, se adotamos o Air Bus A380 como exemplo, pois é o maior avião comercial já construído, com capacidade de até 850 passageiros em classe única, o que tem acontecido no Brasil nos primeiros 150 dias, representaria:

 

  1. Cenário otimista: Queda de 174 aviões Air Bus A380 lotados, sem escapar nenhum passageiro;
  2. Cenário realista: Queda de 242 aviões Air Bus A380 lotados, sem escapar nenhum passageiro;
  3. Cenário pessimista: Queda de 313 aviões Air Bus A380 lotados, sem escapar nenhum passageiro.

Diariamente, seria algo entre um a dois aviões lotados caindo no Brasil, matando todos os passageiros.

 

Quando se analisa o número estimado de mortos (adotando o cenário pessimista) por milhão de habitantes ao longo dos 150 dias, o valor para o Brasil fica em torno de 8,3386, muito acima do valor dos EUA (4,8581), ou de países considerados os melhores em proteger e salvar vidas no planeta, conforme abaixo:

 

1) Vietnã (0,0); 2) Taiwan (0,0023); 3) Tailândia (0,0070); 4) Hong Kong (0,0146); 5) China (0,0251); 6) Malásia (0,0263); 7) Austrália (0,0312); 8) Cingapura (0,0319); 9) Eslováquia (0,0457); 10) Coreia do Sul (0,0517); 11) Nova Zelândia (0,0572); 12) Chipre (0,1251); 13) Japão (0,1025); 14) Emirados Árabes (0,2120); 15) Islândia (0,2262).

 

Ora, se os quinze países acima foram capazes de proteger e salvar os seus cidadãos, por que o Brasil não conseguiu? Algum leitor pode dizer, e daí? Esses países não são grandes como o nosso, então porque o Canadá (3,8790) e a Rússia (0,6650) tem índices melhores que o nosso? Ambos são países com grande extensão, então essa justificativa é fajuta. Para se ter ideia, enquanto no Brasil, nos primeiros 150 dias foram registrados oficialmente perto de 84.207 mortes, no mesmo período, no Canadá foram 8.484 casos fatais, enquanto que a Rússia foram 9.073 mortes.

 

Ao analisar as boas práticas adotadas pelos 15 países acima, percebe-se alguns exemplos  que não ocorreram no Brasil: liderança pelo bom exemplo adotada pelo representante maior da nação e seus ministros; rapidez dos governos em agir para prevenir e controlar a epidemia; integração (entre governo, iniciativa privada, meios de comunicação, universidades e sociedade civil organizada); transparência; campanhas de sensibilização e de adoção de novos hábitos; campanhas contra fake news; maratonas para estimular soluções inovadoras contra a pandemia; rápida alocação e entrega de recursos para a população mais afetada (empresas, trabalhadores, pessoas de baixa renda); fechamento de escolas, universidades, serviços não essenciais; controle nas fronteiras; testagem massiva; apoio aos profissionais e gestores da saúde; melhoria da logística dos serviços essenciais para a população, etc.

 

Não sejamos insensíveis, precisamos agir, pois estamos vivendo uma catástrofe humanitária que poderia ter sido evitada no país. Então, em respeito aos nossos mortos, nas próximas eleições não elejamos velhos caciques ou pessoas sem liderança comprovada, sem histórico de compromisso com a saúde, com a educação, com a ciência e tecnologia, pois pessoas que atacam as universidades, a OMS e os cientistas são um desastre e trazem caos para a nação.

 

*Jonas é professor de Eng. de Produção da Ufam. Atualmente, é pesquisador visitante do Instituto de Pesquisa em Inovação da Escola de Negócios da Universidade de Manchester.

 

** Artigo publicado originalmente, no dia 5 de agosto, em www.jcam.com.br.

 

Foto: Edson Lopes JR / EFE







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