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  16/04/2013 - por Tharcísio Santiago Cruz



Benjamin Constant e a consulta para a reitoria



O processo de consulta para escolha da reitoria da UFAM que teve os turnos entre os dias, 28 de marçoe 04 de abril, nos mostra sérias questões a serem pensadas. Dentre tais, o fato de que a universidade pública hoje sofre uma acelerada configuração de instituição universal de conhecimento para uma de condição em que as instâncias e relações de poder marcam cada vez mais seu funcionamento. Por outro lado manifesta-se uma lamentável apatia e individualismo em nossa universidade.

Nós que acompanhamos discussões do movimento docente através da ADUA e ANDES conhecemos que se trata de um fenômeno nacional. De de qualquer modo é duro conviver com o descaso e o descompromisso da comunidade universitária para com situações como a participação na escolha, livre e democrática de nossos gestores, como algo a ser resolvido por poucos.

Manifesto neste texto um posicionamento crítico sobre como foi encarado o processo de consulta. No caso do campus de Benjamin Constant, no primeiro turno 30 % de nossos discentes votaram, já no segundo elevamos este patamar para 35%. Quanto aos docentes e técnico-administrativos a média nos dois turnos foi de 50% de participação de ambas as categorias, um limite razoável.

Para os que não conhecem o Instituto de Natureza e Cultura, localizado na Cidade de Benjamin Constant, na região do Alto Solimões, estes dados preocupam, se considerarmos que o Instituto possui 1.400 estudantes matriculados, seis cursos regulares, por volta de 60 professores e 31 técnico-administrativos e que todos atuam e convivem em dois prédios da unidade: a antiga escola agrícola do município e o prédio do projeto Reuni, numa localidade de 34 mil habitantes e num gigantesco o pedaço do Amazonas pouco conhecido pelo Brasil.

Poucas manifestações de apoio às três chapas no 1º turno ou das duas no 2º turno; nenhum debate ou documento interno sobre as propostas das chapas; nenhuma proposta concreta sobre as reivindicações do movimento indígena local, o único que tem se mantido atuante na região; duas rápidas visitas das chapas e um debate em que só os candidatos tiveram voz, nem mesmos seus vices puderam se apresentar, ou a comunidade universitária do INC se manifestar.

Preocupa-nos o fato de nossa comunidade universitária não conseguir estabelecer uma relação entre a oportunidade de uma escolha consciente, esclarecida sobre a possível administração da instituição da qual pertencemos, ou seja, uma das poucas instituições sociais da qual temos a oportunidade de participação autêntica, como possibilidade de manifestação livre, exposição de ideias e argumentos. Além de apontamentos e cobranças sobre várias demandas e, acima de tudo, a oportunidade tão negada pelas instituições políticas e econômicas de construirmos os melhores caminhos, alternativas e cobrarmos dos candidatos propostas claras e objetivas sobre a realidade da universidade.

A inexpressiva participação revela infelizmente que a universidade se distancia cada vez mais de seus princípios enquanto instituição de conhecimento, ou seja, de levar e tornar possível a construção de novos conhecimentos. Configura-se uma universidade de projetos, de democratização da educação, mas sem as condições objetivas para que isto ocorra, ou mesmo a universidade da diplomação, seja de graduação ou pós-graduação, com vistas a melhorias de renda ou salariais.

Quando se percebe a partir da consulta em Benjamin Constant, se encara com o descaso de que nem 50% de seus estudantes estão sequer preocupados em saber quem administrará a UFAM até 2017. Temos que fazer a autocrítica sobre nosso papel político e sobre quais acadêmicos estamos formando: um agente de sua história ou mais um sujeito alienado de seu papel na universidade.

Estamos perdendo o norte de que a universidade e também uma imprescindível instância de cultura, fundamental para que uma sociedade possa se construir e reconhecer em sua autonomia. Vale a pena lembrar a contribuição do sociólogo Florestan Fernandes, quando afirma que a maior riqueza de uma sociedade é a sua cultura. O que estamos fazendo da nossa cultura e universidade?

Tharcísio Santiago Cruz é professor de sociologia do INC/Benjamin Constant e Crad da Adua.



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