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  25/03/2019 - por Qelli Viviane Dias Rocha



Toda sociedade avança quando a luta das mulheres avança!



O que é o “dia da mulher”? Ele é necessário? Não seria uma concessão às mulheres da classe burguesa, às feministas, às sufragistas? Isso não prejudica a unidade do movimento trabalhador? (Aleksandra Kollontai)

É tomando por orientação estes questionamentos feitos por Kollontai, no início do século XX, que sublinhamos a necessária e recorrente reafirmação das lutas das mulheres no dia 8 de março. Não porque esta luta seja uma necessidade particular, em que as vontades e desejos individuais pequeno-burgueses queiram reconstruir “um” “Estado de bem-social” personalístico dirigido às demandas de uma única categoria constitutiva da classe trabalhadora. Ou ainda, porque tais demandas partam de uma necessidade essencialista biológica.

Ao contrário do que se possa imaginar, a construção das lutas das mulheres, reafirmadas no dia 8 de março tem, desde o século XIX, se constituído como um dia de reivindicação política e trabalhista marcado por greves e passeatas.

Da proposição do 8M em 1910, por Clara Zetkin, no II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas, até os dias de hoje, esta data simboliza a luta pela igualdade social entre homens e mulheres. São denunciadas as desigualdades como fruto de construções históricas e estruturais que se subserviram da pseudociência para naturalizar e engessar campos de atuação, baseando-se na diferença biológica a propósito das construções das desigualdades sociais, econômicas e políticas.

Da crítica ao funcionalismo estrutural (que responsabilizava as mulheres por “afetarem” as lutas gerais), ao salário dos homens e à construção do movimento feminista na década de 1960, fora fundamental a participação das mulheres nos sindicatos e partidos políticos, pois desta participação emergiu a construção de uma nova consciência do papel das mulheres como cidadãs e trabalhadoras.

*Qelli Viviane Dias Rocha é 1ª vice-presidente do ANDES-SN e professora da ADUFMAT.

A ascensão do fordismo nos Estados Unidos, que absorvia a força de trabalho feminino na indústria têxtil (principalmente nos setores de confecções e vestuários) impôs às mulheres exaustiva jornada de trabalho. Expostas a condições degradantes, aprisionadas nos estabelecimentos em que trabalhavam no horário de expediente e com baixíssimos salários, as mulheres operárias organizaram uma das maiores greves no mundo. Após 13 semanas de duração, com cerca de 15 mil trabalhadoras/es “parados” e mais de 500 fábricas fechadas, parte das reivindicações das lutas das mulheres foi atendida. Porém, noutro episódio, em 25 de março de 1911, mais de 600 pessoas (em sua maioria mulheres entre 13 e 23 anos) tiveram suas vidas postas em risco e/ou ceifadas ao terem seu local de trabalho propositalmente incendiado.

Da comoção à reparação, desde 8 de março de 1917 as mulheres têm, mundialmente, denunciado sua condição de exploradas e oprimidas. Entretanto, as mulheres do cone sul, caribenhas e negras têm também denunciado a capacidade extraordinária do capitalismo de às expropriarem.

Tal expropriação se dá pelo valor do salário pago; da ausência de condições de trabalho; pela ocupação de postos precarizados e informais; pela dupla, tripla ou mesmo jornada contínua de trabalho (na medida em que se dedicam 25 horas semanais aos trabalhos domésticos não remunerados).

No Brasil, somam-se a este cenário a reforma trabalhista implementada pelo governo ilegítimo de Temer e a Emenda Constitucional 95, que congela os gastos com a saúde, assistência e educação, além de estabelecer um teto mínimo para estas políticas em detrimento do pagamento da dívida externa.

Não obstante, este cenário se agrava com a eleição de um governo de extrema-direita e ultraliberalista, cuja primeira medida fora destituir a Secretaria de Políticas para Mulheres com status de Ministério em detrimento da implementação do Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos que, na verdade, se configura grande golpe a estas categorias. Isto porque, por meio do estatuto da família, elege-se o modelo nuclear burguês enquanto norma, criminalizando e/ou marginalizando outras formas de arranjos familiares. Este modelo institui e instaura uma única forma de manifestação do Ser mulher inscrita num determinismo biológico, cuja premissa ratifica a inferioridade da mulher e a superioridade do homem, engessando e encerrando as identidades masculinas e femininas de modo bipolar a partir dos sexos biológicos, o que contraria todo avanço social, político e econômico sobre as relações sociais de gênero e sua consubstância com a raça e a classe.  Também rompe, vale lembrar, com os acordos internacionais ao que pese os direitos da população LGBT.

Nesta quadra, não há o que se comemorar, mas no que se engajar! Da premissa de Lênin, “de que o movimento das mulheres deve ser um movimento de massa e internacional”, as considerações de Kollontai, que relacionam o modo de produção e reprodução social à sexualidade, donde nossa liberdade sexual esteja condicionada a nossa liberdade enquanto gênero humano, precisamos compreender que  o 8M; “dia da mulher”, seja “um elo da longa e sólida corrente do movimento de mulheres trabalhadoras”.

Com esta compreensão, saúdo a todas e todos da base da ADUA que, neste ano de 2019, poderão, junto ao ANDES-SN, também comemorar o 8M. Sindicato classista, cuja compreensão de classe se fundamenta no processo real e concreto, em que mulheres e homens são gestados como seres históricos e, por isso, entendem que não há justiça social sem relações iguais entre mulheres e homens e, portanto, paritário em sua composição.

Pela revogação da PEC 95!

Contrários/as contrarreforma da previdência!

Pela luta feminista e classista: anticapitalista, antimachista, antirracista e antiLGBTfóbica!

*Qelli Viviane Dias Rocha é 1ª vice-presidente do ANDESSN e professora da ADUFMAT.



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