Data: 10/06/2015
“Se cuida, se cuida, se cuida Reitoria, se não ouvir agora vai ter ato todo dia”. Foi com essas e outras palavras de ordem que integrantes do movimento estudantil chegaram ao prédio da Administração Superior da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em protesto na manhã desta quarta-feira (10) contra o corte de verbas da Educação, contingenciamento que atinge diretamente as Instituições Federais de Ensino e repercute nas atividades da comunidade acadêmica. Nesta quinta-feira (11), eles terão encontro com pró-reitores às 9h no hall do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) para discutir a pauta apresentada pela categoria.
Os estudantes prometem voltar ao centro administrativo da instituição caso não consigam espaço para negociar as demandas apresentadas. A lista é extensa e inclui, entre várias reivindicações, a solicitação de elaboração, por parte da Administração Superior, de um “relatório contendo informações sobre o impacto do corte de verbas” na Ufam.
A pauta contempla questões de educação, saúde, segurança e transporte e, segundo os discentes, está conectada com a permanência dos estudantes na universidade. O movimento reivindica a construção de uma creche, a criação de uma escola de aplicação na qual possam atuar estudantes de licenciatura, melhoria nas condições dos laboratórios, a construção de uma cozinha no setor Norte da Ufam, para a preparação do alimento servido no Restaurante Universitário (RU) e a ampliação do cardápio do RU, com oferta inclusive de comida para vegetarianos.
Os estudantes solicitam também o ajuste no valor das bolsas de graduação, equiparando-as ao salário mínimo, a ampliação do fluxo da linha Integração, a disponibilização de bicicletários, a criação de enfermarias nos setores Norte e Sul do campus universitário, a vistoria e fiscalização das obras inacabadas, e ainda a instituição de uma política de segurança contra estupro, assédio e violência na Ufam. Essas e outras reivindicações estão em um documento protocolizado na Reitoria, na manha desta quarta-feira (10), enquanto o ato ocorria.
Para Ramily Frota, graduanda do curso de História, “a ocupação da Reitoria mostra que os estudantes estão se organizando” contra os ataques à educação pública. Ela acrescenta que desde o último dia 8, os discentes realizam reuniões para estruturar a pauta discente e ampliam o chamamento de outros estudantes, para fortalecer o movimento. Antes da manifestação, os graduandos fizeram uma panfletagem na entrada do campus, por volta das 8h30, com intuito de ampliar a mobilização.
Indignada com o momento pelo qual passam as universidades brasileiras, a estudante do curso de Direito e integrante da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Anel), Débora Massulo afirma que só a luta pode garantir resposta às demandas. “Pra gente é vergonhoso ter uma gestão que cumpre a cartilha do governo federal na sua política de sucateamento das universidades. Só por meio da nossa luta é que vamos conquistar avanços”, disse.
Sensibilizada quanto à necessidade de unir forças na luta em defesa da universidade pública, a discente Maria Clara Tavares, do curso de Biotecnologia, decidiu comparecer ao ato e explicou o motivo. “No início deste ano, vi a extinção da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia e o corte da verba da Educação. Todo esse contexto mostra que devemos nos unir em defesa das nossas demandas. A gente precisa se manifestar!”, acentuou.
Após a panfletagem nas imediações do “Bosque da Resistência”, os discentes seguiram para o hall do ICHL e de lá saíram em marcha pelo setor Norte do campus, passando pelo Centro de Convivência e pelas Faculdades de Tecnologia (FT) e de Direito (FD) até chegar ao prédio administrativo, por volta das 10h30.
Com cartazes e palavras de ordem, eles ocuparam o hall da Reitoria, onde começaram a repetir ponto a ponto da pauta, à medida que uma discente lia o documento com a lista de reivindicações. Aguardavam manifestação de algum representante da administração no local, mas a proposta apresentada pela gestão era a continuidade do diálogo, iniciado nesta terça-feira, em uma sala. Os discentes não aceitaram. Tentavam iniciar negociação no local da manifestação. O impasse durou cerca de meia hora e só foi resolvido após agenda firmada para esta quinta-feira (11), quando pró-reitores confirmaram presença no encontro marcado no hall do ICHL.
Durante a manifestação, alguns discentes também se sentiram incomodados com a presença de agentes de segurança no local. Havia oito deles no hall da Reitoria, acompanhando o ato. “Onde está a segurança quando mais precisamos dela?”, questionou uma discente.
O ato encerrou por volta das 12h do mesmo jeito que começou: com palavras de ordem e muito barulho. “Sou estudante, sou radical, não sou capacho do governo federal”.
Fonte: ADUA |