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Reunião do GTCA em Brasília reuniu coordenação nacional, profissionais de imprensa e docentes das seções sindicais - Foto: Eline Luz/ANDES-SN
Sue Anne Cursino
Nos dias 12 e 13 de setembro, a sede do ANDES-SN recebeu mais uma edição da reunião do Grupo de Trabalho de Comunicação e Artes (GTCA). Profissionais da comunicação das seções sindicais, do Sindicato Nacional e docentes trocaram experiências, debateram desafios e reafirmaram a centralidade da comunicação para a luta sindical da categoria docente.
Foi destacada a atuação do ANDES-SN em diversas campanhas nacionais, como Sou Docente Antirracista, a Lutar não é crime, Plebiscito Popular por um Brasil Mais Justo, luta contra a Reforma Administrativa e o PL da Devastação.
Outro ponto destacado foi a participação do ANDES-SN no 5º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação, colocando em prática a decisão de reintegrar o ANDES-SN ao Fórum Nacional pelo Direito à Comunicação, que tem como preocupação central enfrentar os impactos da apropriação tecnológica sobre as condições de vida e de resistência da classe trabalhadora.
A ADUA compartilhou suas experiências incluindo a produção da Revista Resistências e o documentário Multicampia e Fronteira na Amazônia.
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Foto: Sue Anne Cursino/ Ascom ADUA
O debate do primeiro dia destacou como a comunicação sindical é fundamental para fortalecer as lutas em defesa da categoria docente e trouxe reflexões sobre a periodicidade e o formato do InformANDES, a necessidade de ampliar a presença de jornalistas nos encontros do GTCA e a elaboração do Plano de Arte e Cultura do Sindicato.
Para Diego Marques, 2º tesoureiro e diretor responsável pela comunicação do ANDES-SN, atualmente há um conjunto de discussões estratégicas a serem encaminhadas no sindicato nacional, dentre eles o da regulamentação das big techs, cuja reflexão na reunião demonstra preocupação sobre o uso das novas tecnologias e seus impactos tanto no trabalho docente quanto na consolidação da democracia e no avanço dos direitos sociais. “Estimular que esse debate seja aprofundado é fundamental. Isso nos permitirá intervir de forma qualificada na luta política pelo direito à comunicação e pela regulação das empresas de tecnologia da informação e comunicação”.
Entre as decisões tomadas na reunião, ficou marcada a realização do VIII Encontro de Artes e Comunicação e III Festival de Arte e Cultura nos dias 7,8 e 9 de novembro deste ano. Foram sugeridos painéis e oficinas sobre redes sociais, desinformação, acessibilidade, comunicação sindical, inteligência artificial, situação dos jornalistas na Palestina, além de oficinas práticas (como vídeo-minuto, fanzine e análise de dados). Também foi sugerida a realização de uma mística em formato de roda de conversa para estimular a partilha de experiências e materiais produzidos pelas seções sindicais.
O encontro do GTCA, mais uma vez, se mostrou um espaço de socialização, integração sindical e formação política. Embora no cotidiano as seções sindicais enfrentem demandas e realidades diferenciadas, é fundamental preservar a unidade do sindicato, fortalecida justamente por esse intercâmbio.
O grupo apontou como desafios centrais a plataformização do trabalho, o avanço das inteligências artificiais e as mudanças na comunicação provocadas pela reestruturação produtiva capitalista.
Flores da sapucaia por uma Palestina Livre
Ivânia Vieira*
A manhã de 13 de setembro estava seca em Brasília (entre 32º C a 33ºC), como o é o tempo nas manhãs de setembro nessa região do País. O capim torrado, a maioria das árvores sem folhas aguardando o tempo de brota. Algumas delas, as sapucaias, tinham somente cachos de flores em diferentes tons.

Foto: Eline Luz/ANDES-SN
Alcançar a frente da sede da Embaixada de Israel, SES – na Avenida das Nações, Quadra 809 - exigiu uma caminhada que se fez mais longa por conta do calor e da secura sobre os corpos dos/das caminhantes. Ali, diante de uma embaixada fechada, protegida por policiais e carros militares, o ato em defesa da Palestina Livre e em apoio a Flotilha Global Sumud para Gaza (GSF) se fez fato.
A militância de Brasília integrava mais uma vez â mobilização mundial e nacional pelo povo palestino vítima do genocídio do governo de Israel, com apoio de governos de outros países. Militantes de muitas histórias uniram-se aos jovens que constroem a história de agora na batalha de tantas causas explicitada na Palestina, e agora na América Latina e no Caribe sob ameaça da frota naval do governo estadunidense.
Representantes de mais de duas dezenas de organizações solidárias a Palestina, artistas, cidadãos que disseram ter ido à manifestação porque sentiam a necessidade de expressar solidariedade ao povo palestino, alternaram discursos, cantaram e ecoaram palavras de ordem. Uns com as bandeiras esticadas, enroladas nos corpos, adereços na cabeça encararam a pista de asfalto e o sol; outros receberam a proteção de uma árvore frondosa geradora de sombra. Todos juntos posicionando uma imagem de reação à matança de palestinos e ao programa que tentar tirar do mapa essa nação.
A Comunicação é Tarefa Histórica
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) se fez presente. Reunidos em Brasília, professores e jornalistas do Grupo de Comunicação e Arte (GTCA) do ANDES-SN reajustaram a programação do encontro na manhã de sábado para se integrarem à manifestação.
“A comunicação é uma tarefa histórica e estratégica”, disse Amanda Sampaio, profissional de imprensa da Adufc -Seção Sindical do ANDES-SN, ao lembrar os 250 jornalistas mortos no período de 2023 até setembro de 2025 na Palestina. “Não há registro em nenhuma guerra mundial que tantos jornalistas tenham sido assassinados. Os profissionais da imprensa se tornaram alvo na Palestina, isso porque a informação, a batalha de ideia é central”.
Amanda destacou a importância de colocar o tema na pauta porque “quando nos levantamos pela Palestina – que é uma causa da humanidade, como disse Mandela - também nos levantamos pelo Sudão, pelo Congo, pelo Haiti, pelas favelas brasileiras porque os armamentos que estão sendo testados na Palestina chegam aqui também e fazem o genocídio”.
Madeira forte e explosão em cores, a sapucaia contrasta a secura e põe de pé a esperança em luta pela vida de uma Palestina Livre e soberana.
*Ivânia Vieira é jornalista e docente da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Ufam e integra o GT de Comunicação e Artes da ADUA.
ADUA, formiga de fogo em defesa da vida
Diante do incontável número de vidas palestinas perdidas, os discursos proferidos durante o ato em frente à Embaixada de Israel, em solidariedade à Flotilha Global Sumud para Gaza (GSF), no dia 14 de setembro, transmitiram sentimentos de pesar, indignação, mas também de coragem e resistência. A professora Ivânia Vieira, última a falar entre as diversas entidades presentes, representando a ADUA, a Frente Amazônica de Mobilização pelos Direitos Indígenas (FAMDDI) e o coletivo Mulheres da Amazônia, trouxe palavras que serviram de bálsamo e, ao mesmo tempo, inspiraram gritos de coragem pela Palestina Livre. É oportuno compartilhar aqui a íntegra de sua fala, que ressoou esperança e força diante do cenário de luta.
“Eu quero pedir licença a este solo sagrado, remetendo-o ao sagrado dele. Quero pedir licença aos mais velhos e às mais velhas, que caminharam muito antes de nós para que estivéssemos aqui hoje, nos ensinando o que é lutar, o que é resistir e o que é resiliência.
Venho de um estado dos grandes rios, igarapés e lagos, todos eles sob ameaça neste momento, alguns já mortos, desviados em seus cursos. Carrego aqui as vozes dos meus bisavós, das minhas avós, do meu pai, da minha mãe, das mulheres e homens com os quais aprendo a prática da solidariedade.
Quero também pedir que nossas almas, nossos espíritos agoniados, entristecidos e sofridos diante de tamanhos genocídios no mundo, simbolizados hoje na Palestina, possam refletir e agir em nome de todos aqueles que lutam em todos os lugares. E lá, naquele pedaço da Amazônia, aprendi com as mulheres e homens dos diferentes povos indígenas, que há mais de cinco séculos resistem, com corpos caídos, muito sangue derramado, mas que continuam lutando até hoje. Dentro da Universidade Federal do Amazonas, dentro da cidade de Manaus, capital com a maior população indígena do país e, paradoxalmente, uma das mais racistas do mundo, eles e elas seguem resistindo.
É por esse aprendizado coletivo e por essa esperança comum que estamos aqui hoje, representando a ADUA, a FAMDDI, o movimento de mulheres solidárias do Amazonas e, em nome dos jornalistas da Amazônia, dessa Amazônia profunda dos pescadores e agricultores, muitos dos quais morrem sem jamais virar notícia, viemos somar nossa voz ao ANDES-SN.
Essa esperança e essa resiliência não se fazem apenas no pensar, mas no pensar e agir. Hoje, somos diferentes tipos de formigas espalhadas aqui e em todos os lugares do mundo para dizer: Palestina Livre já! Fora o imperialismo da América Latina! E que vivamos uma vida de esperança e de paz em todos os povos do mundo"

Professora Ivânia Vieira discursa em defesa da Palestina Livre - Foto: Sue Anne Cursino/ Ascom ADUA
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