
Cerca de 300 mil pessoas participaram da 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras neste dia 25 de novembro em Brasília (DF). Representantes da ADUA e do ANDES-SN somaram forças na manifestação, que nesta edição teve como tema “Por Reparação e Bem Viver”. Além do Brasil, outros 40 países participaram do ato que pautou moradia, emprego, segurança pública, vida livre de violência e políticas de reparação para a população negra.
A ADUA foi representada pela professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e coordenadora do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe para as Questões Étnico-Raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) local, Iolete Ribeiro. A docente integrou a delegação do Amazonas que contou com o apoio da ADUA e do Sindicato Nacional. Além da Seção Sindical, participaram da manifestação representando o estado a Casa Coletiva Manaus, Projeto Enegrecendo a Ufam, União de Negros e Negras pela Igualdade Amazonas (Unegro/AM), Fórum de Juventude Negra do Amazonas, Coletivo Dandara (Movimento de Mulheres Negras da Floresta) e Quilombo Urbano São Benedito.
A professora destacou as falas das representantes do Amazonas durante a Marcha: Marília Freire, do Humaniza Coletiva Feminista, e Preta Chique (Lorena Morgan), artista e representante da juventude negra do estado. “A Marília falou que o que se decide no cenário nacional não serve para a Amazônia, mas o que se decide na Amazônia serve para o cenário nacional, destacando a importância que as pautas locais sejam tomadas como pautas nacionais, porque a partir do local, nós abordamos, atacamos e enfrentamos as questões nacionais”, afirmou.
Já Preta Chique, segundo relato da docente, registrou as demandas da juventude negra do Amazonas para promoção dos seus direitos. “Ela deu destaque em sua fala na estigmatização de algumas manifestações artísticas como rap, marcando que tem um cenário de muita produção local, mas que precisa de políticas públicas para financiamento e reconhecimento dessa produção, e que isso é importante para a juventude, para a construção de trajetórias e afirmação de pertencimento”.

Do ponto de vista nacional, Iolete Ribeiro destacou que foram pautados temas como a questão do genocídio do povo negro, citando como último exemplo a chacina ocorrida neste ano no Rio de Janeiro, e a violência policial que tem tirado a vida de crianças e jovens negros. “Também foi citada proteção aos territórios quilombolas, as ameaças de morte das lideranças e dos ativistas dos direitos humanos, que tem atingido em especial as mulheres. São vários casos de assassinatos como da líder quilombola da Bahia, Mãe Bernadete”, contou.
Entre as falas nos carros de som de diversas representantes de coletivos negros também foram pautados temas como a violência de gênero que atingem as mulheres, LGBTfobia, a misoginia, o racismo ambiental e o impacto das mudanças do clima nos povos e comunidades tradicionais. “Foi dado muito destaque a presença de uma mulher negra no Supremo, porque, uma vez o presidente indicou um homem, continua a reivindicação pela indicação de uma mulher negra”, relatou a representante da ADUA na manifestação.

A programação da marcha teve início em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e incluiu debates, oficinas, atividades culturais, exibições de cinema e mais de 60 ações autogestionadas realizadas por organizações de 15 estados e redes internacionais. A agenda segue até esta quarta-feira (26).
“Hoje, 25 de novembro, é dia da Marcha das Mulheres Negras. Essa data potente marca a luta antirracista, antimachista, antiLGBTIfóbica e anticapacitista. O nosso Sindicato incorporou essa data à sua agenda e construiu a campanha ‘Sou Docente Antirracista’. O ANDES-SN está junto com a marcha, combatendo a chacina do povo negro e a letalidade do Estado”, destacou a 1ª vice-presidente do ANDES-SN e integrante da coordenação do GTPCEGDS, Caroline Lima. O ato coincidiu com o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher.

Fontes: ADUA e ANDES-SN
Fotos: Eline Luz/ANDES-SN e Divulgação/Delegação do Amazonas
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