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Contrarreforma do Ensino Médio pode gerar empréstimo de R$ 787,2 milhões



Data: 20/07/2017

Aprovada em fevereiro deste ano, a contrarreforma do Ensino Médio, que compromete todo o sistema educacional no país, pode gerar um empréstimo de US$ 250 milhões, o equivalente a mais de R$ 787,2 milhões. Sem recursos para custear o retrocesso, o Ministério da Educação (MEC) recebeu autorização do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (Mpog) para emprestar o montante ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), do Bando Mundial, para viabilizar a contrarreforma nos estados brasileiros.

Dos US$ 250 milhões, segundo o governo federal, US$ 221 milhões (R$ 695,9 mi) serão destinados para o Programa para Resultados (PforR), que usa indicadores para medir a eficácia das ações financiadas pelo dinheiro. O MEC afirma que vai usar o dinheiro na "formação de técnicos educacionais para a adaptação dos currículos e elaboração dos itinerários formativos", na "reprodução de materiais de apoio", em ações para "incentivar a implementação dos novos currículos, por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)", entre outros.

Os US$ 21 milhões restantes, devem ser destinados a assistências técnicas, que deverão oferecer serviços de consultoria para o próprio MEC e secretarias estaduais e distrital. O comunicado foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira (17).

O projeto da contrarreforma do Ensino Médio foi apresentado, pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, a representantes do Banco Mundial, em Washington (EUA), em março. O objetivo era obter financiamento junto à instituição para a implementação das mudanças, que tem um valor estimado de US$ 1,577 bilhão, o equivalente a R$ 4,966 bilhões.

Para o 1° secretário e membro da coordenação do grupo de trabalho em Políticas Educacionais (GTPE) do ANDES-SN, professor Francisco Jacob Paiva da Silva é absurdo o governo brasileiro se submeter ao Banco Mundial e recorrer ao Bird para obter recursos para a Educação. O professor ressalta, no entanto, que a prática não causa estranhamento, levando em consideração que o próprio projeto da contrarreforma do Ensino Médio foi desenvolvido com base nas orientações do banco estadunidense.

“Nas últimas décadas, a relação do nosso país com esses organismos internacionais tem significado uma subordinação dos governos a eles, pois junto com os empréstimos vem à submissão política, com medidas de ajuste e reformas, inclusive, na área educacional na perspectiva de comercialização e privatização da educação pública”, alertou.

Contrarreforma do Ensino Médio

Com o modelo aprovado em fevereiro, cabe ao estudante escolher parte das disciplinas que pretende cursar e possibilita que profissionais sem licenciatura ou formação específica sejam contratados para ministrar aulas. O projeto estabelece ainda que 60% da carga horária seja destinada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no currículo dos estudantes e 40% sejam preenchidos por conteúdo a ser escolhido pelo aluno, entre cinco áreas disponíveis: Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais, Matemática e Ensino Profissional.

No que se refere à carga horária, em cinco anos, a ampliação será das atuais 800 horas anuais para mil horas. Passado esse período, a meta será de 1,4 mil horas ao ano, sem prazo. Nos três anos do Ensino Médio, a carga horária total destinada à BNCC não poderá ser maior que 1.880 horas.

ANDES-SN é contra a reforma

Desde que o projeto, por meio da Medida Provisória (MP) 746/16, foi enviado ao Congresso Nacional, pelo presidente Michel Temer, em setembro do ano passado, de forma antidemocrática e unilateral, milhares de protestos, ocupações estudantis e greve de docentes, técnicos e estudantes das instituições de ensino superior eclodiram no país. Entidades e órgãos, ligados à educação, assim como partidos políticos, e o Ministério Público Federal se manifestaram contra a proposta.

O ANDES-SN se manifestou de imediato ao envio da MP e publicou uma nota de repúdio à contrarreforma do Ensino Médio. Recentemente, no 62° Conad do Sindicato Nacional - realizado de 13 a 16 de julho em Niterói (RJ) -, foi lançada a cartilha “A Contrarreforma do Ensino Médio: o caráter excludente, pragmático e imediatista da Lei Nº 13.415/2017” pelo GTPE.

“O material servirá de base para que as seções sindicais realizem nos estados - em unidade com as entidades de defesa da educação pública -, debates dentro e fora das instituições de ensino públicas sobre os riscos que a contrarreforma representa à educação e juventude. Para além do material, vamos lutar pela revogação desta contrarreforma, com a realização de estudos via assessoria jurídica de viabilização de uma ADI [Ação Direta de Inconstitucionalidade], questionando a maneira como a contrarreforma foi implementada, por MP e sem debate amplo”, concluiu o coordenador do GTPE do ANDES-SN.

Fonte: ANDES-SN



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