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  05/03/2020



Fórum em Defesa dos Serviços Públicos do Amazonas emite Nota de Solidariedade à comunidade do Monte Horebe



Sob a lógica do capital, as cidades são espaços cuja produção e reprodução se realiza à imagem e semelhança dos donos do poder. Em tal contexto, a terra é reduzida à condição de mercadoria; é fonte de renda e, para realização desta, a disputa pelo espaço urbano resulta na segregação socioespacial da massa proletarizada, precarizada, desumanizada. 


As cidades capitalistas estruturalmente são espaços de conflitos. Todavia, tais conflitos se manifestam segundo as condições -objetivas, históricas, de desenvolvimento e/ou subdesenvolvimento, de subordinação ao capital internacional, das articulações a este último de modo desigual e combinado- de cada lugar.   


Manaus expressa de modo particular, desigual e combinado ao movimento mais geral do capital, uma das faces mais distorcidas da produção e reprodução espacial. Ao lado de ilhas de espaço urbano racionalizado, prolifera um continente de miséria urbana, de favelização da existência, oriundas da ausência de uma cidade mais democrática, mais justa, na distribuição da riqueza produzida. É assim que são produzidas ocupações de terra como o Monte Horebe. Estima-se que a cidade de Manaus tem aproximadamente 300 mil pessoas vivendo em ocupações. No Monte Horebe as lideranças locais calculam a existência de 17 mil pessoas. 


A determinação unilateral, autoritária, repressiva de desocupação do Monte Horebe indica um aspecto central do conflito urbano: é a luta de classes por outras vias. Grileiros, empresas de empreendimento imobiliário, somam-se às milícias e facções do crime organizado, na disputa pelos espaços de ocupação contra trabalhadores sem-teto, indígenas de diversas etnias, imigrantes haitianos, venezuelanos, guianenses etc. 


O aparato midiático da grande imprensa, mobilizado para reforçar a narrativa oficial e oficializante que criminaliza os moradores da ocupação, é o lado da disputa ideológica que dá fundamento para a desocupação que viola, à luz do dia, direitos constitucionais do país e tratados internacionais. Num contexto de política reacionária, o Governo de Wilson Lima é -  na forma como lida com a questão da luta pela terra, por teto - um governo que fez a opção pela banalização do mal.


Diante do exposto, as entidades do Fórum em Defesa dos Serviços Públicos do Estado do Amazonas que assinam este documento, vêm a público declarar solidariedade aos Moradores do Monte Horebe e convidar o conjunto da sociedade civil de Manaus a se pôr contrário à lógica da segregação e da injustiça espacial. Estar ao lado dos trabalhadores sem-teto é rejeitar uma Manaus segregacionista e insustentável.

 

 

#somostodosmontehorebe



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