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  15/05/2020



CSP-Conlutas e ANDES-SN repudiam textos de Fundação Palmares contra Zumbi



Publicações feitas pela Fundação Palmares na quarta-feira (13/05) em seu portal causaram repúdio e indignação de organizações ligadas ao movimento negro no país. No dia em que se celebrou a abolição da escravidão no Brasil, a fundação divulgou artigos atacando figuras históricas negras e exaltando a princesa Isabel. A CSP-Conlutas e o ANDES-SN foram algumas das entidades que manifestaram repúdio.

 

A fundação Palmares aproveitou o 13 de Maio para reforçar o pensamento da branquitude e eurocêntrico que enaltece a princesa Isabel como salvadora.  Ignorou ainda anos de luta dos negros por sua liberdade e atacou Zumbi dos Palmares, figura importante contra a escravidão, e que dá nome à entidade.

 

Os artigos intitulados: “Porque lembrar, em 13 de Maio, a princesa Isabel”, “A verdade sobre Zumbi dos Palmares”, “Zumbi herói da consciência negra escravizada pela esquerda”, “Zumbi e a Consciência Negra – Existem de verdade?”, divulgados no portal, foram repudiados pelo movimento negro e considerados uma afronta à história de luta contra a escravidão no país.

 

Em um dos artigos escrito pelo professor Luiz Gustavo dos Santos Chrispino “Zumbi e a Consciência Negra – Existem de verdade?”, o autor minimiza a importância de Zumbi dos Palmares na luta contra a escravidão, além de atacar movimentos de esquerda. “Começava aí a Luta Esquerdista usando o povo negro como massa de manobra”.

 

A Fundação Palmares é gerida pelo jornalista Sérgio Camargo por indicação do presidente Jair Bolsonaro. Em seu perfil no Twitter, Camargo postou uma série de mensagens enaltecendo a princesa Isabel e atacando Zumbi, descrito por ele como “herói da esquerda racialista; não do povo brasileiro”.

 

“Zumbi é herói imposto pela ideologia que a grande maioria dos brasileiros repudia. Negros, questionem, critiquem e não o aceitem passivamente!”, escreveu Camargo. “Herói da esquerda racialista; não do povo brasileiro. Repudiamos Zumbi!”, reforçou em outra publicação.

 

Desde que assumiu, Camargo ignora e minimiza o racismo existente no Brasil. Defende o fim do movimento negro e avalia que a escravidão foi “benéfica para os descendentes”, além de atacar personalidades como a vereadora do Rio Marielle Franco, assassinada em 2018.

 

Repúdio

 

“O governo de extrema direita não mede esforços na sua tentativa de reescrever a história através da sua lupa autoritária, reacionária, racista e avessa aos rigores da ciência histórica.

O ANDES-SN tem muito orgulho de reivindicar o(a)s mártires dessa terra, como Margarida Alves, Josimo Tavares, irmã Dorothy, Chico Mendes, Negro Cosme, Zumbi e tanto(a)s outros e outras que tombaram lutando contra a escravidão da humanidade e da terra, muito(a)s dele(a)s suprimido(a)s das narrativas de uma pretensa “história oficial”, escreveu o ANDES-SN em nota de repúdio. Confira a nota na íntegra aqui.

 

O integrante do Quilombo Raça e Classe, filiado à CSP-Conlutas, Júlio Condaque, historiador há mais de 20 anos, reitera que Camargo não representa e nem reflete as pautas da população e do movimento negro, à medida que se “comporta como um capitão do Mato, um negro da casa grande”. “Conclamamos aos movimentos negros, sociais e sindicais a entrar com queixa crime contra as alegações mentirosas e ficcionistas propagadas. As declarações são ofensivas, vexatórias e racistas. Repudiamos e exigimos que retratação pública, e que a Fundação Palmares retire do site os artigos”, reforçou.

 

Fontes: CSP-Conlutas e ANDES-SN



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